Dos 299 casos de violência sexual identificados no país, em 2021, 27 aconteceram em Braga, o que coloca o distrito em terceiro lugar nacional, depois de Lisboa (69 casos) e Porto (32 casos), revela o Relatório da UMAR – União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) divulgado esta segunda-feira.
De acordo com o Relatório sobre Violência Sexual em Portugal, que tem por base casos noticiados na imprensa nacional em 2021, foram identificados 299 casos de violência sexual em 2021, o que corresponde, em média, a 25 casos por mês.
“São dados muito preocupantes”, disse a investigadora da UMAR Ana Guerreiro, salvaguardando que em causa está uma análise preliminar e que os casos foram noticiados no ano passado, mas podem ter ocorrido em anos anteriores.
Dos quase 300 casos, 62,7% ocorreram na habitação da vítima ou do ofensor, 10,9% em espaço público, 8,8% em local ermo e 5,4% na escola.
O veículo do ofensor ou da vítima, via Internet, numa casa de banho pública, num consultório médico, bem como num hospital, hotel, garagem ou local de treino são outros dos locais onde ocorreram situações de violência de acordo com as notícias analisadas.
A vitimação continuada é o tipo mais presente nos casos noticiados (52%), sendo o tempo médio de vitimação superior a três anos.
O relato dos casos confirma que na maioria das vezes os crimes são cometidos por pessoas conhecidas da vítima.
Só em 5,4% dos casos, a vítima e o ofensor não se conheciam.
“Destes dados destaca-se o facto de as pessoas serem conhecidas ou mesmo familiares. Isso demonstra mais uma vez que, tal como na violência doméstica, também a violência sexual tende a acontecer em espaços familiares e com pessoas conhecidas. A casa continua a ser um lugar inseguro para se viver”, analisou a presidente da UMAR, Liliana Rodrigues.
A violência sexual ocorreu em 87% os casos sobre o género feminino.
A idade das vítimas varia, “no caso das raparigas e mulheres”, conforme se lê no relatório, entre os 1 e os 90 anos.
No caso do género masculino, o intervalo de idades posiciona-se entre os 5 e os 62 anos.
Quanto aos ofensores, 95% são homens e a média de idades é 42 anos.
Das 192 notícias em que foi possível perceber a tipologia criminal, o abuso sexual assume mais de metade dos casos (50,5%), seguindo-se a violação (42,2%).
As investigadoras destacaram também a percentagem associada a casos de pornografia infantil (5,7%) e de importunação sexual (1,6%).
O documento “é dedicado a todas as vítimas/sobreviventes de violência sexual e a todas e todos que se dedicam ao apoio e defesa das vítimas/sobreviventes de violência sexual”.
Com DN