VILA VERDE

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«Merecemos ser tratados com dignidade e respeito»

Muitas escolas do Concelho de Vila Verde estão esta quinta-feira sem actividades lectivas devido à greve do pessoal docente. Cerca de uma centena de professores estiveram ao longo desta manhã concentrados no largo em frente ao Município de Vila Verde, de onde saíram em marcha pelo centro da Vila, exibindo e entoando mensagens de protesto. Voltaram, de seguida, ao largo em frente à sede do Concelho, onde prosseguiram a manifestação.

Os muitos docentes presentes pertencem aos diversos estabelecimentos de ensino dispostos pelo Concelho, exigindo melhores condições de trabalho e salariais, o fim da precariedade e uma progressão mais rápida na carreira.

Mostram, também, estar em protesto face às propostas do Governo para a revisão do regime de recrutamento e colocação, que está a ser negociada com os sindicatos do sector.

«PANELA DE PRESSÃO QUE CHEGOU AO LIMITE»

Márcia Soares, professora na Escola Básica 2,3 de Vila Verde, foi uma das docentes presentes na manifestação desta manhã. Ao “OVilaverdense”, a professora destacou que «as reivindicações são várias».

«Julgo que se trata de uma panela de pressão que chegou ao limite. Somos a única classe da função pública cujo o tempo de serviço não foi contado na íntegra. Outros exemplos são o regime de quotas e os “congelamentos” nas carreiras, os professores contratados e as colocações. Trata-se de uma série de reivindicações», referiu.

«Tínhamos dez quadros de zona e só ontem o ministro decidiu as 63 zonas pedagógicas. Porque é que isto não é feito já há 10 ou 15 anos?», questionou a docente, prosseguindo as críticas: «A legislação também é outra questão, em que todos os anos surge uma nova e nunca para melhor… A burocracia descomunal, que nos retira o tempo e trabalho que deveríamos ter com os alunos…», vincou a docente.

Mais à frente, Márcia Soares sublinhou ainda que «a preocupação deveria ser ensinar mais e melhor e incluir todos os alunos».

«PROFISSÃO ESTÁ DEGRADADA

Também Isabel Ribeiro, professora da Escola Secundária presente na manifestação, notou que são «muitas as reivindicações».

«Há professores com 15/20 anos de tempo de serviço e que continuam contratados sem efectivar, andando por todo o país… É altamente injusto. A profissão está degradada e isto é um acumular de muitas situações. Sinto que estão a atirar areia para os olhos dos docentes e continua a haver injustiças», disse, acrescentando, «merecemos ser tratados com dignidade, respeito e ser valorizados».

«LUTA JUSTA PELA CARREIRA, PELO RESPEITO E EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA»

Indo ao encontro dos muitos professores na manifestação, a Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, Júlia Fernandes, vincou que «acima de tudo e costumo dizê-lo também, sou professora, e estou em completa sintonia com esta Luta».

«É uma luta justa pela carreira, pelo respeito e em da defesa da Escola pública. O que temos notado é que nestes últimos anos existe um desrespeito pelos professores. A profissão tem-se vindo a degradar e isso vê-se na falta de docentes nas escolas. Há que dignificar as carreiras, pois é aqui que tudo começa. O professor está na base da formação de um jovem e é fundamental que a carreira tenha o respeito devido», enalteceu Júlia Fernandes.

Para a autarca, trata-se de uma «luta que já leva muitos anos. É antiga, mas simplesmente tem sido esquecida e os professores têm perdido todo o seu estatuto ano após ano. Há que reposicionar a profissão onde ela merece estar», concluiu.

EM BRAGA

Esta quinta-feira é a vez dos professores do distrito de Braga realizarem uma greve e uma ‘Marcha pela Escola’, pelas ruas da capital do distrito, ambas convocadas pela Federação Nacional de Professores (Fenprof).

Com partida agendada para as 14h30 da Escola Secundária Alberto Sampaio, a manifestação percorre a avenida 31 de Janeiro, largo Sr.ª A-Branca, praça da República (Arcada), terminando na Câmara de Braga.

Esta marcha é, desde a passada segunda-feira, a quarta das 18, uma por distrito, convocada pela Fenprof e mais sete sindicatos – ASPL, a Pró-Ordem, o SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU.

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