A linha da costa na faixa Parque Litoral Norte, em Esposende, vai recuar, em média, 28 metros até 2043, sendo a zona das Torres de Ofir “das mais vulneráveis” a nível regional e nacional, de acordo com um estudo apresentado esta quarta-feira na Universidade do Minho.
A projecção consta do relatório final do projecto CLICTOUR, cuja análise das tendências de evolução climática permitiu identificar alguns impactes previsíveis, com destaque para o agravamento da ocorrência de incêndios florestais, a redução dos recursos hídricos disponíveis e o contínuo recuo da linha de costa.
O trabalho de investigação, que contou com a colaboração do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), incidiu sobre três áreas naturais protegidas – o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), o Parque Natural do Alvão (PNA) e o Parque Natural do Litoral Norte (PNLN) – com o objetivo de apoiar o desenvolvimento de um turismo resiliente às alterações climáticas nas áreas protegidas do Norte de Portugal.
No contexto do projecto CLICTOUR, a faixa litoral do PNLN foi monitorizada em diferentes momentos temporais, tendo sido possível, com recurso a drones, a criação de mapas digitais e modelos topográficos costeiros que permitiram projetar um recuo médio da linha da costa de 28 metros até 2043.
De forma geral, entre 2006 e 2023, a linha de costa retrocedeu em toda a faixa litoral do PNLN e só entre 2010 e 2023 recuou 19 metros.
De acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso, a área mais crítica de todo o Parque PNLN corresponde à faixa litoral entre a extremidade norte da Restinga de Ofir (foz do rio Cávado) e a Praia da Bonança.
Este segmento costeiro, aponta o estudo, além de possuir taxas de erosão bastante superiores às de outras zonas do PNLN, sofre de uma enorme pressão turística, sendo a Praia de Ofir uma das mais movimentadas na região nos meses de verão.
A existência de edifícios e infraestruturas de turismo e habitação próximas à linha de costa leva a que esta zona “seja uma das mais vulneráveis à subida do nível do mar, tanto a nível regional, como a nível nacional”, tendo sido concretizados vários projetos de defesa costeira nesta zona ao longo dos últimos anos.
Os resultados demonstram ainda que a linha de costa neste troço retrocedeu, em média, 10 metros entre 2006 e 2023 (1,12 metros/ano), contudo, em alguns locais, verificou-se, desde 2006, um avanço do mar superior a 70 metros, devido às variações da extremidade norte da Restinga de Ofir.