A PSP anunciou esta segunda-feira que vai mesmo avançar com uma queixa-crime contra a RTP, depois da televisão ter transmitido um ´cartoon’ com uma crítica às forças policiais francesas durante a cobertura da televisão pública no festival NOS Alive.
Em comunicado, a PSP afirmou que considera que o vídeo “formula e representa juízos ofensivos da honra e consideração de todos os profissionais da PSP que diariamente dão o seu melhor para garantir a legalidade democrática, bem como, sem qualquer fundamento, propala factos inverídicos, capazes de ofender a credibilidade, o prestígio e a confiança devida à PSP”.
“A liberdade de expressão é um direito constitucional mas, na nossa perspectiva, não é um direito absoluto, devendo ser exercido com respeito pelos outros direitos, igualmente com protecção constitucional”, defende a força de segurança, afirmando que o vídeo “não contribuiu para a desejável paz social” e pode contribuir para “uma percepção de ilegitimidade do uso da força pública”.
A PSP acrescenta ainda que procurou aferir a “existência de ilicitude e da identificação dos seus autores, pelo que hoje foi elaborado auto de notícia, já remetido ao Ministério Público, com referência aos factos apurados até ao momento e à informação que consideramos ter relevância criminal”.
O cartoon em causa é da autoridade de Cristina Sampaio, que faz parte do Spam Cartoon, um colectivo com uma rubrica semanal na RTP – que pode ver aqui. A animação, denominada ‘Carreira de tiro’, demonstra um agente a atirar ao alvo com cada vez mais intensidade e raiva; no final, a imagem mostra as figuras, com o alvo de pele clara sem nenhuma bala e alvo mais escuro repleto de tiros, naquela que é uma metáfora sobre o tema do racismo nas forças policiais.
À Lusa, o Spam Cartoon considerou que a queixa “não faz sentido”, já que o ‘cartoon’ “não tem nada a ver com a PSP nem com a realidade portuguesa” e está inserido numa óptica da realidade internacional – neste caso sobre os protestos em França pela morte de Naël, o jovem de 17 anos morto pela polícia.
Com NM