OPINIÃO

OPINIÃO -

Fenómeno natural mas muito destrutivo

Por Fausto Pires

01 de novembro de 1755 é uma data histórica, sem boas recordações para todos nós e principalmente para o povo de Lisboa que a vivenciou em primeira mão.

Este evento de origem natural resultou na destruição quase completa da cidade de Lisboa, especialmente na zona da Baixa, chegando mesmo a Campo de Ourique, por isso, a expressão “Resvés Campo de Ourique” e atingiu ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal.

Esgrimem-se  argumentos sobre o epicentro deste evento natural (maremoto). No meio de várias hipóteses, julga-se que o tsunami teve origem no meio do Oceano Atlântico. Não se consegue afirmar o ponto da crosta onde começou a romper, mas podemos certamente afirmar com clareza que a destruição provocada  pela movimentação das placas tectónicas foi uma verdadeira catástrofe.

O número de mortos varia bastante, pois existem relatos que apontam para cerca de 10 mil mortos, enquanto outros sugerem mais de 50 mil mortos no desastre. Além das vidas humanas, a destruição material foi enorme. Contabiliza-se  cerca de 10 mil edifícios reduzidos a ruínas, incluindo a  Biblioteca Real, a Ópera Tejo, 35 igrejas e 55 palácios.

Nos últimos meses, os media difundiram: “Terramoto em Marrocos sentido em Portugal e em Espanha”;  “Sismo de 6,3 registado em Okinawa, no Japão.”; “Sismo com magnitude de 6,0 na escala de Richter foi sentido hoje, na ilha de Celebes, na Indonésia”; ” Dois sismos sentidos no Algarve…”;  “Dois sismos sentidos nas ilhas do Faial e Terceira”. É notório que a superfície terrestre  está constantemente a libertar energia, gerando tensões e, dessa forma, provocando movimentação das placas tectónicas, originando vibrações intensas, conhecidas como ondas sísmicas. Perante estes dados, estaremos nós preparados para um novo “Terramoto 1755”?

Muitos referem que as ruas de Lisboa, antes do tsunami, eram ruas nauseabundas, de traça medieval. Após o fenómeno natural de 1755, o Marquês de Pombal  mandou construir  uma cidade com ruas com pontos de fuga e de concentração da população. Ordenou ainda a construção de edifícios com fundações com uma estrutura em madeira para resistir a novos sismos. Recentemente, vários municípios implementaram sirenes de aviso a tsunamis e rotas de fuga. Será que estamos totalmente preparados com estas medidas?

Vamos a factos: os edifícios hospitalares, a nível da sua estrutura, estão preparados para resistir a um possível abalo sísmico? Os viadutos da cidade estão preparados para estes eventos naturais? Os possíveis meios de socorro vindos de fora, com o intuito de socorrer a população afetada, estão preparados e organizados para responder ao socorro? Existe alguma zona adjacente à capital para a concentração de meios? É conhecida alguma zona de concentração e identificação de cadáveres? Existe algum espaço ou zona definida para realojar  pessoas sem teto? Tudo isto é planeamento, prevenção, mitigação do risco. Tudo isto é Proteção Civil e, certamente, estaremos nesse caminho.

Será amanhã, será hoje? Não sabemos… O que sabemos é que vai acontecer. Até lá, teremos de recorrer a Métis e orar o salmo 27.

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