FESTA DAS COLHEITAS (Vila Verde)

FESTA DAS COLHEITAS (Vila Verde) -

Em cada espiga, desfolhada: Rancho de Aboim da Nóbrega recria prática minhota

É uma festa minhota e distingue-se bem. Há lenços, saias que rodam, concertinas, panos de linho, pão e vinho tinto. Mais uma vez, volta a ser recriado a tradição da Desfolhada no recinto da Festa que é disto mesmo: alegria, comunhão e um hino ao mundo rural.

Logo após o jantar, as vacas carregam o milho até ao recinto. Depois de estar bem espalhado no chão, começa a desfolhada.

Animada e organizada pelo Rancho Folclórico de Aboim da Nóbrega, contou com a participação de presentes e da Presidente da Câmara, Júlia Fernandes.

Vestido a rigor, o grupo cantou enquanto os cestos se enchiam de espigas bem amarelas. No final, houve tempo para um passo de dança, com sons como a chula. E, ainda, a recompensa: vinho tinto, pataniscas, broa e sardinha. O manjar tradicional foi partilhado com o público.

A desfolhada contou, ainda, com a presença de três mascarados que, beliscando quem desfolhava, arrancaram risos e sorrisos do público.

«ESTA TRADIÇÃO NÃO SE DEVE DEIXAR PERDER»

Divida entre a desfolhada e o preparar da merenda, posta em panos de linho branco, Fernanda Rodrigues explica o processo do milho.

Fazendo parte do Rancho Folclórico de Aboim da Nóbrega, conhece bem a tradição minhota.

«O milho, antes de chegar aqui, dá muitas voltas», começa. E conta, então, o processo tradicional que, hoje em dia, não se usa. «Primeiro a terra é lavrada, sachada com as enxadas e, ainda, gradada com as vacas e as grades», explica.

De seguida, o povo minhoto picotava a terra: «é desfazer a terra com a sachola», esclarece Fernanda Rodrigues. «O milho cresce, é sachado, rendado, mondado, isto porque tem que se tirar se tiver muito junto, para crescer espiga boa», conta. «Entretanto chega a parte de ser cortado e desfolhado, que é o que estamos a fazer hoje», diz.

Ainda, o que resta da desfolhada, o colmo, «é molhado, para fazer copas de palha e, dali, fazer-se a meda ou moreia», aponta. Nessas copas, durante o ano, retirava-se o alimento para os animais para todo o ano.

Nesta festa, os mascarados vinham «para namoriscar», ilustra. «Metiam-se a desfolhar com as raparigas e a ideia era sair um namoro», acrescenta.

Para Fernanda Rodrigues, momentos como este são importantes. «Eu já vivi isto, mas os meus filhos, estas crianças pequenas, não, porque agora não é nada assim», opina. «Esta tradição não se deve deixar perder, para incentivar os mais novos a participar na agricultura. E eles gostam de ver e participar», termina.

ovilaverdense@gmail.com

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