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Jovem que matou três crianças (uma delas portuguesa) em Southport condenado a um mínimo de 52 anos

O jovem que matou três crianças à facada na cidade britânica de Southport foi condenado a prisão perpétua, tendo de passar um mínimo de 52 anos na prisão.

Axel Rudakubana, cujo crime desencadeou uma forte onda de protestos motivada pela extrema-direita, foi considerado culpado de três homicídios “ferozes” e sádicos”.

“Foi uma violência tão extrema de tal gravidade que é difícil compreender porque o fez. Tenho a certeza que Rudakubana estava determinado em cometer estes crimes e que, se pudesse, teria matado cada uma das 26 crianças e os adultos que se atravessassem no seu caminho”, vincou.

Entre as vítimas mortais do esfaqueamento que fez ainda 10 feridos está Alice da Sila Aguiar, criança portuguesa que tinha nove anos.

O condenado recusou-se a comparecer no banco dos réus quando o juiz disse que o adolescente provavelmente “nunca será libertado e ficará sob custódia para toda a vida” pelo “ataque premeditado atroz e angustiante” do Verão passado.

Quando foi detido, em 29 de Julho do ano passado, foi ouvido a dizer que estava “contente por as crianças terem morrido”, mostrando não estar arrependido dos crimes que tiraram a vida e feriram crianças dos seis aos 13 anos, todas esfaqueadas múltiplas vezes.

A ouvir a sentença estavam cerca de 40 familiares das vítimas, que foram tornando difícil a continuação da audiência, incluindo porque foi necessária assistência médica por duas vezes.

Como tinha menos de 18 anos à data do crime – faltavam nove dias para cumprir a maioridade -, Axel Rudakubana não podia ser sentenciado à pena perpétua, ainda que o juiz tenha dito que é isso que deve acontecer.

Durante a audiência, o jovem confessou a culpa pelas mortes de Bebe King, Elsie Dot Stancombe e Alice da Silva Aguiar, crianças com seis, sete e nove anos.

Axel Rudakubana, nascido em Cardiff, também se declarou culpado da produção de rícino, uma substância tóxica, e da posse de informações que podiam ser úteis para uma pessoa cometer um acto de terrorismo na forma de um manual da organização Al-Qaeda.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, considerou que este caso é um exemplo de como o país enfrenta “uma nova ameaça de terrorismo” de ataques violentos protagonizados por jovens solitários, e prometeu novas medidas.

FAKE NEWS PROVOCA TUMULTOS

O Governo anunciou um inquérito sobre o caso para determinar por que razão Axel Rudakubana não foi inscrito num programa oficial de combate à radicalização, tendo em conta que foi avaliado três vezes pelas autoridades devido à sua obsessão pela violência.

O ataque chocou o país e desencadeou tumultos violentos que se prolongaram por vários dias.

No dia seguinte ao ataque, e pouco depois de uma vigília pacífica pelas vítimas, um grupo atacou uma mesquita perto do local do crime, atirou tijolos e garrafas aos agentes da polícia e incendiou viaturas policiais.

Na origem dos protestos terão estado rumores de que o suspeito era um requerente de asilo que tinha chegado recentemente ao Reino Unido de barco, o que era falso.

Os motins alastraram a dezenas de outras cidades, quando grupos mobilizados por activistas de extrema-direita nas redes sociais entraram em confronto com a polícia e atacaram hotéis que alojavam migrantes.

Mais de 1200 pessoas foram detidas por causa dos distúrbios e centenas foram condenadas a penas de prisão até nove anos.

ovilaverdense@gmail.com

Com TSF / Foto AFP

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