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UMinho mostra que carqueja ajuda a tratar feridas diabéticas e reduz a dor

Uma tese doutoral da Escola de Ciências da Universidade do Minho demonstrou que a carqueja, planta comum nos bosques, é benéfica na cicatrização de feridas em diabéticos e na redução da dor. O estudo piloto confirmou ainda, nos testes em animais, as propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes daquela planta, que pode ser usada em produtos farmacêuticos, alimentares e cosméticos.

O trabalho de Inês Laranjeira foi orientado por Filipa Pinto Ribeiro e Alberto Dias, no âmbito do doutoramento em Cadeias Produtivas Agrícolas, e realizado no Centro de Biologia Molecular e Ambiental. Teve o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a parceria das universidades de Macau (China) e Federal de Juiz de Fora (Brasil). A pesquisa revelou, ainda, as mais-valias medicinais das plantas alecrim-do campo e estrela-do-egipto.

Entre as diversas análises efetuadas, Inês Laranjeira incorporou o extrato de carqueja num creme e aplicou-o em feridas de animais com diabetes tipo 2 e osteoartrose.

«Tínhamos três grupos: num aplicamos o creme com extrato, noutro o creme sem extrato e no terceiro não tratamos; concluímos que as feridas cicatrizavam significativamente mais rápido no primeiro grupo», afirma a cientista, que prossegue os estudos no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da UMinho, com Filipa Pinto Ribeiro.

As autoras acreditam que o creme pode ser igualmente benéfico na cicatrização de queimaduras e na psoríase em humanos ou mesmo em veterinária. «Este creme tópico com extrato de carqueja é fácil de aplicar pelo dono do animal e evita outras intervenções, porém é difícil se falarmos em tratar feridas nos animais de produção, pode haver implicações na carne ou leite», explica Filipa Pinto Ribeiro.

O composto tem potencialidades clínicas, mas não se provaram, ainda, benefícios estéticos como o tratamento de rugas. A planta pode ser incorporada em champôs ou em formulações como suplementos nutricionais, por exemplo, sendo utilizada regularmente na medicina (auxilia na digestão, é dietética, ajuda no controlo da hipertensão e colesterol) e na cozinha tradicional portuguesa.

Por outro lado, a tese de Inês Laranjeira comprovou os efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios do alecrim-do campo e da estrela-do-egipto. No primeiro caso, ajuda a controlar a hiperglicemia, crucial para melhorar a cicatrização em feridas diabéticas. Já a estrela-do-egipto trava, ainda, a inflamação crónica ligada às feridas diabéticas, auxiliando no processo de recuperação dos tecidos.

Os próximos passos da investigação poderão incluir técnicas avançadas como abordagens ómicas e modelagem computacional para entender melhor as vias moleculares envolvidas. As plantas medicinais e tradicionais têm ganho peso na economia rural, no turismo cultural e no comércio internacional. Há por isso um esforço para padronizar o cultivo, o processamento e a formulação dos extratos vegetais, garantindo qualidade, segurança e eficácia, reduzindo efeitos adversos, valorizando a sustentabilidade e contribuindo para novas terapias e medicamentos baseados em produtos naturais.

ovilaverdense@gmail.com

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