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Braga é a única cidade onde começam dois caminhos de Santiago de Compostela

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O Caminho de Santiago desperta um crescente interesse em Portugal e Braga é a única cidade portuguesa e uma das raras da Península Ibérica ponto de partida de dois itinerários certificados pelo Arcebispado de Santiago de Compostela: o Caminho da Geira e dos Arrieiros e o Caminho Minhoto Ribeiro.

O Caminho da Geira e dos Arrieiros foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019, reconhecido pela associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico em 2020 e é um itinerário oficial da Peregrinação Europeia de Jovens do Ano Santo Jacobeu 2021/22.

Este percurso é investigado e promovido por associações e colectividades privadas e destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a geira romana e a Reserva da Biosfera do Gerês/Xurés. Além disso, o seu traçado liga directamente à Catedral de Santiago de Compostela.

Já o Caminho Minhoto Ribeiro resulta do trabalho de uma associação que íntegra 16 concelhos galegos e portugueses, começou a ganhar visibilidade há dois anos e em 2020 foi reconhecido pela Igreja.

O Caminho Minhoto Ribeiro liga à Via da Prata na parte final, logo não chega directamente a Santiago de Compostela e o seu traçado principal em Portugal segue por municípios diferentes do Caminho da Geira e dos Arrieiros.

O facto de ambos os traçados serem coincidentes nalguns municípios, sobretudo na Galiza, resulta de pessoas que integram a associação de concelhos serem dissidentes da associação fundadora do Caminho da Geira e dos Arrieiros (originalmente conhecido precisamente por Caminho Minhoto Ribeiro) e terem levado consigo informação histórica até então recolhida e publicada.

Para o presidente da Associação do Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro (ACJMR) e da Plataforma Berán no Caminho, Abdón Fernández, autora do “traçado original” do Caminho da Geira e dos Arrieiros, este itinerário “reflecte a peregrinação e o comércio desde Portugal, pela Geira e O Ribeiro, uma região muito importante para a economia na época medieval”.

“Este caminho possui um património muito importante em relação à passagem de peregrinos, ao comércio do vinho, às termas, ao património construído e cultural, à riqueza natural, todos em respeito pela filosofia do peregrino que busca descobrir o mundo rural, o respeito pela natureza, o meio ambiente e a sustentabilidade”, adianta Abdón Fernández.

Na sua perspectiva, “se a estes aspectos juntarmos a Geira, é sem dúvida um caminho único. O património ao longo do seu percurso merece o mesmo destaque que zonas como as de O Cebreiro, no caso do Caminho Francês, e possui referências patrimoniais e etnográficas muito importantes”.

Para o presidente da Associação Codeseda Viva, Carlos de Barreira, responsável pela a apresentação do traçado do Caminho da Geira e dos Arrieiros ao Arcebispado de Santiago de Compostela, “nota-se um grande interesse dos peregrinos que agora estão a planear percorrer caminhos menos procurados e o nosso itinerário encaixa perfeitamente neste requisito e nos próximos meses terá uma aceitação muito positiva”.

O desafio seguinte, destaca Carlos de Barreira, é que seja oficializado pelos governos português e galego e “se invista no melhoramento das suas infra-estruturas de apoio aos peregrinos e sinalização”. “Quanto à divulgação, temos a sorte dos peregrinos que o percorrem se converterem em seus embaixadores, recomendando-o aos seus amigos e conhecidos, o que gerou unha enorme divulgação, sobre tudo entre os peregrinos que já percorreram diversos caminhos”.

Quanto ao Caminho Minhoto Ribeiro, o presidente da Associação Codeseda Viva destaca apenas as diferenças mais óbvias: “São caminhos distintos e certificados em anos diferentes. O nosso dá ênfase à Geira, tem 240 Km e chega directamente a Santiago de Compostela. O Minhoto Ribeiro sai de Braga por Vilaverde e segue depois por Monção, tem 270 km e desemboca na Via da Prata”.

O presidente da Plataforma Berán no Caminho também não tece muitos comentários sobre esta questão: “São dois caminhos diferentes e da responsabilidade de diferentes entidades”. “A associação dos concelhos tem fundamentos mais ligados à política e a nossa é uma organização particular, amadora, cujo único objectivo é promover o caminho e ajudar os peregrinos e as populações locais abrangidas pelo traçado”, conclui.

História: dois caminhos, um destino

Em 2009 foi fundada em Berán, no Concelho de O Ribeiro (província de Ourense, na Galiza) a Associação do Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro (ACJMR), cujo objectivo é estudar e promover o caminho jacobeu que liga Braga a Santiago de Compostela, pela estrada da Geira (um troço da via XVIII do Itinerário de Antonino, ligando Bracara Augusta à Asturica Augusta, actual Astorga).

A determinada altura da sua existência, alguns elementos abandonaram a associação e vieram mais tarde, em 2014, a integrar a Associação dos Concelhos do Caminho Minhoto Ribeiro (associação dos concelhos). Esta associação é constituída pelos municípios portugueses e galegos por onde passa o caminho.

Um momento decisivo para o Caminho da Geira e dos Arrieiros aconteceu em Fevereiro e Abril de 2017, quando Abdón Fernández, presidente da ACJMR apresentou em Ribadavia (Galiza) e em Braga (1 de Abril de 2017), uma proposta de traçado do caminho, quase de imediato adoptada pelos peregrinos.

Em Braga assistiram à apresentação elementos da Associação Codeseda Viva (ACV), do Concelho de A Estrada (província de Pontevedra, na Galiza), incluindo o seu presidente, Carlos de Barreira, que viria a assumir importância decisiva neste projecto.

Nestes últimos quatro anos, a ACJMR e a ACV uniram-se na defesa do Caminho da Geira e dos Arrieiros, que em 28 de Março de 2019 foi reconhecido pela Igreja como itinerário oficial de peregrinação jacobeia. Neste caso concreto, a ACV teve um papel decisivo, ao reunir e entregar à Igreja a documentação necessária para o reconhecimento do caminho (até então conhecido como Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro). Foi também reconhecido pela associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico a 16 de Novembro de 2020.

Passou a chamar-se Caminho da Geira, para salientar o património único da estrada romana, e dos Arrieiros, para evidenciar a vertente económica histórica deste caminho; que é a reposição de uma rota de peregrinação e de comércio entre Braga e Santiago de Compostela.

Em relação à associação dos concelhos, ao integrar elementos dissidentes da ACJMR, ficou na posse da documentação que lhe permitiu desenvolver uma nova proposta de um caminho que liga Braga a Santiago de Compostela, recentemente também reconhecido pela Igreja de Santiago de Compostela.

Este caminho difere do da Geira e dos Arrieiros nos primeiros troços, em Portugal (propõe três entradas em Espanha), e nos últimos, à chegada a Santiago de Compostela, sendo semelhantes na região de O Ribeiro.

O Caminho da Geira e dos Arrieiros é hoje reconhecido como o “caminho original” (por respeitar o traçado apresentado a 1 de Abril de 2017) e único no mundo por incluir a estrada da Geira (a maior e mais bem conservada via romana do mundo) e atravessar o Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.

 

Texto: Associação Codeseda Viva, Associação do Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro (ACJMR) e  Plataforma Berán no Caminho

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