BRAGA

BRAGA -

Braga sai à rua para protestar contra o racismo e acaba com o mito não racista desfeito

Share on facebook
Share on twitter

TÓPICOS

Share on facebook
Share on twitter

TÓPICOS

Um milhar de pessoas concentrou-se este sábado na avenida Central de Braga para protestar contra o racismo e manifestar a sua solidariedade com aqueles que exigem o fim da violação dos direitos cívicos da população afro-americana nos Estados Unidos, que no passado dia 25 culminou com o assassinato de George Floyd. E acabou por ver o mito de um Portugal anti-racista desfeito.

Foi olhos nos olhos deste milhar de manifestante (número da PSP) que um imigrante brasileiro, pai, pôs o ponto nos iis.

“Vocês sabem o que é ter que explicar a um filho, preto como eu, que deve levantar os braços bem alto se for abordado por agentes policiais?”, começou por perguntar a uma assembleia formada sobretudo por jovens.

“Sabem o que acontece se eu for apresentar queixa à policia por ter sido vítima de racismo? Vocês sabem o que ouve um imigrante estrangeiro preto, esteja legal ou à espera da regularização da sua situação em Portugal, se for a uma esquadra apresentar queixa?”, continuou a questionar.

“O que ouve é “vai para a tua terra, preto””, respondeu, agora visivelmente nervoso porque sentia “na pele o que digo”.

“Esta Terra é de todos nós. É vossa e minha. Esta Terra é de todos”, proclamou então, entre aplausos vigorosos.

“O que eu gostaria de ver não são só protestos convocados pelo Facebook ou por uma qualquer hashtag. O que eu gostaria de ver era cada um de vocês denunciar actos de racismo”, atirou.

“E quantos de vocês que aqui estão, já o fizeram? Quantos? Quantos?”, concluiu, com mais perguntas. Desta vez, os aplausos foram fracos, incomodados.

Outro imigrante, também de origem africana, tomou conta do microfone, aberto para quem quisesse dar o seu testemunho no âmbito do protesto ‘Vidas Negras Importam’. E também ele põe o ponto nos iis.

“Se perguntar a todos os que aqui estão se são racistas, responderiam que “não, mas…”, começou por dizer, depois de ter perguntado: “Sabem quanto custa a um imigrante por na mesa comida para os filhos?”.

“Esse “mas” é o racismo a falar. Esse “mas” é racista”, responde.

“Portugal é um país de “mas”. É um mito dizer que Portugal não é um país racista. É um país racista”, exclamou, sublinhando que o “racismo mesmo que velado é também racismo”.

Já antes, uma das organizadoras do protesto – na sua maioria activistas com ligações ao activismo estudantil – tinha dito que um Portugal não racista “é um mito”, enumerando alguns dos casos de agressões a cidadãos de origem africana no nosso país.

 Foram, todavia, os testemunhos dos dois imigrantes que marcaram a concentração, emudecendo o slogan do segundo protesto ‘Resgatar o futuro – não lucro’, que exigia um mais forte apoio do Estado a todos os que são vítimas da crise económica causada pela pandemia da covid-19, nomeadamente do sector da cultura, dos trabalhadores precários, a recibo verde, no desemprego e em lay-off.

Apesar dos apelos da organização –assinada por várias colectivos e associações- nem sempre o distanciamento social foi respeitado, apesar de quase todos, dos mais novos aos mais velho, usarem máscara de protecção.

Share on facebook
Partilhe este artigo no Facebook
Share on twitter
Twitter
COMENTÁRIOS
OUTRAS NOTÍCIAS

PUBLICIDADE

Acesso exclusivo por
um preço único

Assine por apenas
3€ / mês

* Acesso a notícias premium e jornal digital por apenas 36€ / ano.