“Devolver” Sá de Miranda à Ribeira do Neiva?

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Uma declaração prévia de interesses: a Ribeira do Neiva é a minha cepa, lá estão as minhas raízes e é o sítio que mais sossega o meu espírito. Contudo tentarei ser imparcial.

Sá de Miranda viveu mais de duas décadas na Ribeira do Neiva, mais concretamente na freguesia de Duas Igrejas.

Foi a partir dali que o grande poeta português escreveu uma significativa parte da sua obra, certamente inspirado pela paisagem deslumbrante, pelas águas cristalinas das nascentes do Neiva, pela verticalidade e honradez das suas gentes e, muito particularmente, pela formusura das mulheres da Ribeira.

Em boa hora, Vila Verde promove todos os anos acções dedicadas à passagem de Sá de Miranda pelo concelho.

Porém, é altura de se fazer uma reflexão descomplexada sobre qual a melhor forma de homenagear, sinalizar e rentabilizar a passagem do poeta pelo concelho.

As actividades têm sido sistematicamente, ano após ano, centradas na sede concelhia. Se se quiser manter a “festa” como algo de dimensão exclusivamente concelhia até pode ser assim.

Mas o seu enorme potencial leva-me a pensar que deveríamos ter a ambição de dar-lhe maior projecção.

Para que assim seja, temos que colocar uma questão de fundo: o centro das actividades não deveria ser deslocado para a Ribeira do Neiva, local onde o poeta efectivamente viveu?

A reflexão em torno desta questão tem que ser serena, sem bairrismos exacerbados e despida de interesses meramente táticos quanto ao número de votos existentes num e noutro local.

Eis alguns argumentos para discussão a favor da centralização, ou não, dos eventos na Ribeira do Neiva:

  1. a casa onde viveu Sá de Miranda – Casa do Côto – seria o grande ancoradouro de toda a actividade e da estratégia promocional;
  2. poderia existir ali um museu, uma biblioteca temática ou um centro de estudos avançados sobre a vida e obra do autor;
  3. o local seria o ponto irradiador de diversos trilhos pedonais e de BTT, que levariam os utilizadores a ver paisagens deslumbrantes a partir de pontos que só alguns tiveram o prazer de vivenciar. (Permitam-me uma nota pessoal, a Ribeira é um presépio lindíssimo e vivo, de grandes dimensões);
  4. os estudiosos e os estudantes de vários pontos do país teriam curiosidade em visitar o local e, por certo, estudariam e “viveriam” o poeta com maior intensidade;
  5. ajudar-se-ia à dinamização da vida económica, social e cultural da Ribeira, promovendo a fixação das populações e,
  6. por fim, mas não menos importante, far-se-ia justiça para com o local onde afinal o poeta viveu, devolvendo à Ribeira do Neiva o que é seu por direito próprio.

Quanto mais genuínos forem estes eventos maior é a probabilidade do seu sucesso.

Neste caso a genuinidade não estará na Ribeira do Neiva?

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