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É preciso apostar em novas formas de mobilidade

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Por Luís Sousa

Tenho a perceção notória, sobretudo aos fins de semana, que cada vez mais pessoas estão a aderir à prática de ciclismo, percorrendo as estradas portuguesas e zonas de montanha com a bicicleta. Apesar deste aumento, ainda utilizamos pouco a bicicleta como meio de deslocação no dia a dia, nomeadamente nas deslocações para e do trabalho, mesmo nas grandes cidades. Fazemos parte dos países europeus onde a sua utilização é mais baixa. Somos, neste aspeto, (e, infelizmente, em muito outros!) bem diferentes dos nórdicos, dinamarqueses e dos neerlandeses que utilizam a bicicleta como principal meio de transporte urbano.

A verdade é que o fazem porque têm outras condições para a sua utilização: há mais respeito pelos ciclistas, mais ciclovias disponíveis e uma maior garantia de segurança a quem delas faz uso. Além disso, já nos levam muitos anos de adianto: fiquei surpreso ao saber que a primeira ciclovia em Copenhaga foi construída em 1892!

Segundo o Pordata, Portugal segue em claro contraciclo com o que seria desejável, com o número de utilizadores do automóvel nas deslocações para o trabalho a aumentar 29% entre 2001 e 2021, vincando a preponderância crescente deste meio de transporte no nosso quotidiano, com todas as implicações que isto acarreta na vida das pessoas, não só em termos ambientais, mas também em matéria de segurança rodoviária, constrangimentos de trânsito, tráfego e na qualidade de vida.

Pelo contrário, a percentagem de cidadãos que utiliza meios de transporte coletivo de passageiros como os autocarros e os comboios tem vindo a decair (-49% e -17,6% respetivamente). Somos, um país a duas velocidades, com claras assimetrias na oferta, onde a fartura em determinadas zonas, contrasta com os degradantes e paupérrimos serviços noutras regiões. Somos o terceiro país da Europa que mais desinvestiu nas ferrovias.

Traduzindo em números, em 23 anos, os troços rodoviários aumentaram 364% e as linhas de comboio diminuíram 18%. Temos, de facto, muito alcatrão espalhado por este país à beira-mar plantado e de cuja qualidade global até não nos podemos queixar, porém, é aflitiva a forma como relegamos para um plano secundário a ferrovia em Portugal. A CP, empresa pública que detém o monopólio da prestação dos serviços ferroviários, acumula elevados prejuízos e não tem garantido serviços de qualidade e suficientemente fiáveis aos cidadãos. Talvez abrir as portas à livre concorrência pudesse ajudar a melhorar o serviço prestado!

Portugal não está a fazer o suficiente em termos de incentivo a outras formas de mobilidade e urge inverter este caminho. Há, localmente, cidades que se destacam no incentivo a formas de mobilidade mais amigas do ambiente, potenciando a descarbonização nos transportes. Guimarães é um excelente exemplo, com uma rede de ciclovias interessante e de boa qualidade e com um sistema já implementado de partilha de velocípedes.

Na mesma linha, e dando seguimento à aposta na mobilidade sustentável e à ciclovia urbana de Vila Verde, merece o meu regozijo a recente inauguração de mais um troço na Ecovia do Cávado e Homem entre a zona fluvial do Mirante e a praia do Faial, projeto que vai interligar o concelho aos outros municípios do Cávado, ligando o mar à serra e prometendo fazer muito pelo incentivo ao turismo de natureza, pela prática desportiva, pela melhoria da qualidade de vida e pela divulgação e promoção do nosso património natural que merece ser conhecido. Parabéns ao Município e a todos os agentes envolvidos por esta aposta no rumo certo.

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