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Economia portuguesa desacelera e contestação social sobe de tom

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Autor: Alfredo Pedrosa

Este final de ano está a ser particularmente fértil em notícias pouco abonatórias para a estabilidade económica e social de Portugal.

Primeiro, o FMI anunciou uma previsão de contínua desaceleração da economia portuguesa, apontando para um crescimento na ordem dos 2,2,%, em 2018, e para um défice de cerca de 0,4%, no próximo ano, colocando, assim, em causa, o otimismo do Governo neste último indicador. Estimou ainda que o crescimento económico, em 2019, se deverá cifrar em 1,8% e perspetivou a queda do mesmo, a médio prazo, para uns módicos 1,4%. O Banco de Portugal, por seu turno, falou em crescimento de 2,1%, em 2018, e considerou que se avizinham 4 anos de desaceleração económica – apenas 1,8%, em 2019.

Também o Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), citado pela imprensa nacional, no terceiro trimestre de 2018, terá conhecido uma variação de 2,1 %, menos 0,3% do que no trimestre precedente.

A imprensa trouxe igualmente a público projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que apontavam para um crescimento de 2,1% da economia nacional, em 2019, menos 0,1% do que a estimativa governamental, e nova redução, em 2020, passando para apenas 1,9%, ano em que o défice orçamental, de acordo com a OCDE, deverá desaparecer.

A estas situações não serão alheios fatores como a diminuição do investimento, do consumo privado e da procura externa líquida (menor fulgor das exportações e importações de bens e serviços).

Esta dança de números é hoje uma constante e todos sabemos que as previsões têm sempre algum grau de falibilidade, até a avaliar pelos diferenciais existentes nos dados adiantados por diferentes entidades nacionais e internacionais. Ainda assim, e projeções à parte, até porque as mesmas são, com crescente frequência, revistas e/ou alteradas, um facto inquestionável é o recrudescimento da contestação social e a constatação da transversalidade das manifestações de descontentamento e das greves que fazem subir de tom as críticas dos vários setores de atividade económica à atual governação. Professores, enfermeiros, médicos, magistrados, polícias, guardas prisionais e estivadores, são algumas das múltiplas áreas profissionais que fazem, crescentemente, eco da sua insatisfação e reivindicam, de uma forma cada vez mais veemente, direitos e condições de trabalho de que se viram mais acentuadamente privados nos últimos anos.

Dizíamos, há pouco, numa outra crónica, que o estado de graça da governação estava por um fio e que uma retórica positiva e otimista, por si só, sem reformas estruturais e condicionada pela heterogeneidade das forças suporte do Governo, poderia comprometer o crescimento verdadeiramente sustentado da economia nacional e a paz social então reinante.

Para mal de todos nós, aí está a frieza dos números a ditar uma certa inversão da tendência de crescimento económico, a resfriar os otimismos exacerbados e a colocar a nu debilidades estruturais que não podem continuar a ser camufladas e que têm antes que ser atacadas com medidas de fundo eficazes e duradoiras.

A aposta numa efetiva política de concertação social e em medidas verdadeiramente descentralizadoras, que acrescentem ainda maior valor ao já muito assinalável e louvável contributo dos vários órgãos poder local para a realização de investimento profícuo na melhoria das condições de vida dos portugueses, é também desejável e premente.

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