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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (77). O Algarve mostrou o seu grande afeto por Nossa Senhora

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Por Salvador Sousa

O Bispo de Beja acompanhou, desde Ferreira do Alentejo até ao Ameixial (primeira povoação algarvia), a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, despedindo-se muito comovido, lembrando-se de tantos episódios, alguns prodigiosos, passados no seu acolhedor Alentejo.

Após passar por Ameixial, o cortejo seguiu para Alcoutim, há 24 anos sem pároco e com a igreja em ruínas, mas a Virgem despertou os corações adormecidos, avivando a fé com tão numerosa presença de fiéis a demonstrar a sua devoção e o carinho por aquela tão significativa imagem, assistindo a uma missa campal, celebrada pelo Bispo do Algarve, junto ao rio Guadiana, finalizando com a bênção dos doentes, dando, ainda, rente à margem direita do rio, a bênção a Espanha.

Em Martilonga, uma jovem ceguinha, cheia de fé e com a esperança de cura, comoveu a multidão com a leitura autorizada de um texto, em Braille, saudando e pedindo à Mãe do Céu a cura da sua doença. Chegou-se a Loulé, à Quarteira, onde a enraizada fé da gente do mar, que tinha vivido, antes pouco tempo, um grande temporal que fez várias vítimas, cantava, rezava, chorava, atribuindo a Nossa Senhora a graça por não morrer qualquer pescador daquela localidade.

Após a passagem por Almancil e Santa Bárbara, relata o Cónego Carlos de Azevedo que acompanhou todas estas peregrinações e escreveu o capítulo que estou a ler e a partilhar, foi a vez da cidade de Faro receber, no dia 24 de dezembro, a Imagem da Capela das Aparições que, pouco tempo após estas visitas, só começou a sair em casos muito especiais. Um mar de gente recebeu, pelas 22 horas, com a cidade toda iluminada, com os sinos a bambolear, os foguetes a estoirar, o andor da Imaculada com gritos de júbilo e de aclamação, seguindo-se uma procissão de velas que só chegou à Catedral à meia-noite, terminando com uma missa presidida pelo Bispo do Algarve, D. Marcelino António Maria Franco.

No dia 25 de dezembro houve novo percurso ao longo de todas as ruas de Faro com as varandas engalanadas e suas gentes a saudar a Virgem que percorreu toda a cidade durante 4 horas. O Governador Civil, encorajado com o acontecimento, tal como aconteceu em algumas localidades do Alentejo com outras autoridades, ofereceu um bodo a mais de mil necessitados. Foi na cozinha económica que a própria esposa distribuiu por aquela gente o conjunto de alimentos que lhe era devido, revelando todos um grande contentamento com aquele gesto caritativo.

Olhão estava toda iluminada à espera do cortejo mariano, incluindo a matriz com as suas 4.000 lâmpadas! As embarcações projetavam os seus intensos raios de luz que contrastavam com a escuridão das águas que, por sua vez, irradiavam lindos reflexos multicolores. Aqui o Presidente da Câmara também quis dar um bodo, contemplando 1800 carenciados, “dizendo alguns que nunca em sua casa viram tanta abundância”.

À volta de 14.000 pessoas, em Vila Real de Santo António, receberam a imagem da Mãe de Deus, rodeada de pombas (uma delas ali há mais de dois meses!) com intenso furor, percorrendo as ruas durante várias horas, encerrando a procissão de velas, por volta da 2 horas da manhã, no dia 29 de dezembro. A localidade de Ayamonte, Espanha, do outro lado do Guadiana, também quis associar-se, emanando as suas luzes para o outro lado da fronteira, querendo louvar Aquela que fez de Fátima o altar do mundo.

Outras localidades foram visitadas e todas vibravam à passagem do andor, atirando flores, não faltando “ o trigo para as pombas de Nossa Senhora.” Os presos da cadeia de Silves receberam a visita da Virgem com enormes gritos de júbilo que impressionaram a comitiva.

No ponto “onde a terra acaba e o mar começa” o andor de Nossa Senhora ficou no interior da fortaleza de Sagres, em frente da rosa dos ventos que o Infante D. Henrique se orientou tantas vezes. Local em que este grande navegador português, juntamente com outros, pediu a proteção de Santa Maria, na ermida de Nossa Senhora da Graça e noutros lugares de veneração.

A Imagem voltou para Faro onde se concentrou toda a diocese agradecida pela visita da Mãe de Deus a toda a região do Algarve, regressando à Cova da Iria, no dia 12 de janeiro de 1948, acompanhada pelos prelados das dioceses do Sul de Portugal e por muitas viaturas de tantos devotos que quiseram acompanhar Nossa Senhora até ao Seu trono na Capelinha das Aparições.

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História…

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