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Fátima, sempre foi, já é e será sempre mais (79). Cenas comoventes e extraordinárias vividas em Madrid

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Por Salvador Sousa

No dia 28 de maio de 1948 deslocou-se a Madrid o Cardeal Dom Manuel Gonçalves Cerejeira que foi recebido com muito carinho e entusiamo, celebrando a Missa dos doentes, posteriormente, a Bênção Eucarística a milhares de enfermos que se encontravam na Praça de Armaria como já referi na crónica anterior. Todos, a uma só voz, cantavam “Christus vincit” e o “Ave de Fátima”

O Cónego Carlos de Azevedo, nascido em Parada de Tibães em 28 de setembro de 1910, testemunha destas peregrinações da Imagem Taumaturga de Fátima, diz que «foram momentos únicos, em que o poder de Deus se manifestou de maneira tão assombrosa que causava arrepios. Era um vulcão de fé! Após a bênção do Santíssimo Sacramento apoderou-se de toda a gente uma comoção enorme. Cegos, paralíticos, estropiados levantam-se curados. Mas o que mais impressionou ainda era a resignação dos milhares e milhares de enfermos que continuavam presos aos seus leitos, alentados, porém, com o olhar maternal de Maria, resignados com a vontade de Deus.»

No dia 30, celebrou-se um solene Pontifical em que o Eminentíssimo Cardeal de Lisboa proferiu, em castelhano, a homilia sobre a Boa-Nova de Fátima, estando presente o Generalíssimo Franco com as suas casas civil e militar. Madrid, nesse mesmo dia, despediu-se com muita tristeza e saudade da Mãe de Deus representada naquela Imagem prodigiosa. O Conselho de Ministros, reunido em Madrid sob a presidência de Franco, manifestando o agradecimento por este tão eloquente acontecimento, concedeu ao Bispo de Leiria, Dom José Alves Correia da Silva, a Cruz da Ordem de S. Raimundo de Penaforte, condecorando também o Cardeal de Lisboa, Dom Manuel Cerejeira, e o Embaixador, em Madrid, Dr. António Carneiro Pacheco.

Termino esta crónica com algumas passagens da carta enviada pelo Patriarca de Madrid, Dom Leopoldo, ao Bispo de Leiria, Dom José:

«Venerando e queridíssimo Irmão e Amigo, não posso encontrar palavras bastante expressivas para manifestar a V. Ex.cia tanto a minha imensa gratidão como a maravilha celestial da passagem da benditíssima Imagem de Nossa Senhora de Fátima pelas ruas e praças de Madrid neste 9 dias em que, por caridade de V. Ex.cia, tivemos a dita de a possuir, Dias de Céu! Uma vaga sobrenatural, avassaladora, triunfante, superior a toda a expressão humana. Só Ela pode arrastar assim os corações e ganhá-los para seu Divino Filho. V. Ex.cia já está acostumado a ver os triunfos de Nossa Senhora de Fátima e pode fazer ideia do que a Senhora fez em Madrid. Desde que entrou na minha diocese, não deixou de conquistar almas, de congregar multidões de centenas de milhar de fiéis e tantos outros desviados da fé, todos se prostravam ante a Imagem, aclamando-a delirantemente, chorando, rezando, cantando cânticos piedosos. Nunca, nunca se viu em Madrid coisa assim!

Creia-me, Sr. Bispo, foi Ela que inspirou V. Ex.cia o pensamento de nos favorecer com esta concessão tão extraordinária. Ela queria missionar a Espanha toda. Um amigo meu, acabado de regressar de França, dizia-me hoje que desde a fronteira atá Madrid… só se falava de Nossa Senhora de Fátima, da estadia da Sagrada Imagem em Madrid, dos numerosos milagres, das inúmeras conversões, do delírio de entusiasmo. E é verdade, tudo quanto se diga ainda é pouco. Eu dou os meus 25 anos de apostolado aqui por estes 9 dias…

Uma noite, ao sair da Catedral para ir ao subúrbio de Tetuan de las Victórias, chovia tão fortemente que tememos pelo êxito daquela saída… O povo foi tão numeroso como nas outras noites. Milhares de pessoas assistiam à passagem da procissão ajoelhadas nos charcos de água sem pensar senão em rezar a Nossa Senhora. Deu-se um caso curioso: uma pobre mulher, porteira duma casa do trajeto, tendo-lhe perguntado se já fora ver Nossa Senhora de Fátima, respondeu: “Não tenho tempo para isso. Tenho muito que fazer. Não, venha Ela ver-me a mim.” Pois bem, ao passar nessa rua, deu a chover com tanta força e tão aparatosamente… que decidiram guardar a Imagem no átrio de uma casa até ver se a água amainava um pouco. Foi precisamente no átrio da casa em que aquela mulher é porteira. A Santíssima Virgem tinha-a ido ver a ela. Ficou abismada e como fora de si…

De milagres corporais, tenho notícia de uns 15. Muitos casos de curas de paralisia, outros de meningite tuberculosa… Vou nomear tribunais que recolham as declarações e testemunhas e as informações médicas. É claro que de tudo enviarei cópia a V. Ex.cia…»

Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História…

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