- Por Salvador de Sousa
No dia 2 de setembro a Imagem Peregrina chega à cidade de Maestrich, na Holanda, com a presença do Legado Pontifício, de um representante da Rainha, do Bispo de Liège, autoridades, representante do Bispo de Leiria e por milhares de pessoas da Bélgica e da Holanda.
Esta cidade é um local onde Nossa Senhora, há muitos séculos, é venerada com o título “Estrela do Mar”, mas, apesar disso, a religião, bastante predominante no país, era o Calvinismo que, ainda hoje, contém uma percentagem bastante elevada de fiéis, embora haja uma total liberdade de crenças. O Bispo de Liège entregou a Imagem Peregrina ao Prelado de Roermond, Mons. Lemmens,
Os católicos holandeses promoveram para essa data da chegada da Imagem Peregrina, contra a vontade de outras crenças, um Congresso Mariano Nacional na cidade de Maestricht que muito engrandeceu a permanência de Nossa Senhora de Fátima num país tão martirizado pela guerra que tanta destruição e mortes provocou no país das flores.
Gente ávida de espalhar a Mensagem de Fátima que tão bem já a conhecia e que fez questão de a propagar, ainda mais, com 10 milhões de estampas que editaram e que distribuíram pela população. Representantes da «Associação da Fátima», na Holanda, ofereceram dois cestos de magníficas flores à Virgem, avistando-se, num deles, um slogan que dizia: «Entrai, Senhora, e ficai connosco!»
A devoção a Nossa Senhora de Fátima deste povo holandês verificou-se logo após o final da 2ª guerra mundial com o envio, em 13 de Maio, de «toneladas das mais lindas flores das estufas holandesas, algumas vezes, transportadas em aviões especiais.
«O povo holandês, sempre tão hospitaleiro, não podia deixar de o ser, de maneira especial, para com Nossa Senhora.» Realmente o acolhimento foi muito afetuoso com milhares de crentes e por outros que andavam de costas voltadas para Deus, verificando-se, segundo o relator deste capítulo, um cortejo muito piedoso que se dirigiu para a Igreja de Saint Servaes da localidade de Maestricht onde “choviam” esplêndidas flores, caindo de aviões belgas e holandeses que sobrevoavam a procissão, honrando a Imagem Peregrina que representava a Mãe de Deus. Foi colocada na capela dos santos, num esplendoroso trono cercado dos enfeites elaborados com tanta fé e de lindos círios, emanando a sua luz que iluminava tantos corações rejubilantes com orações, cânticos entoados com emoção e tanta ternura para com aquela Divinal presença. Inúmeros fiéis, continuamente, se prostravam, diante da Rainha de Portugal, a rezar pela paz no mundo, incluindo figuras ilustres da Igreja (Cardeais e Bispos), autoridades civis e militares.
A determinada hora da noite, a Imagem foi levada ao hospital onde a esperavam, à volta de cinco centenas de doentes, dentre destes, muito judeus e protestantes que, em união com os restantes, esperavam ansiosos a visita da Virgem Santíssima.
O Congresso Mariano foi um êxito devido à presença da Imagem Peregrina como escreveu o Prelado de Roemonde: «O Congresso foi uma manifestação magnífica, grandiosa, mas o verdadeiro espírito de fé e caridade, trouxe-o, sem dúvida alguma, Nossa Senhora de Fátima.»
A Imagem foi levada da Bélgica de propósito e a pedido das autoridades religiosas para o Congresso Mariana de Maestricht, mas com a intenção de voltar. Entretanto, o Cardeal, Arcebispo de Paris, pediu para que regressasse ao seu país, prova de que a passagem por França fez com que fossem totalmente purificadas aquelas mentes que puseram em causa a ida da Imagem de Fátima. Em reunião do Eminentíssimo Cardeal, Arcebispo de Paris, com os Bispos auxiliares e Senhor Núncio Apostólico foi acentuada a ideia da sobrenaturalidade das Aparições de Fátima. Alguém, dentro do mesmo tema, interveio querendo revelar alguma dúvida, mas o Núncio Apostólico retorquiu: «Na Fátima não se toca; é já uma realidade.»
A Catedral de Notre Dame, no dia 15 de outubro de 1947, foi diminuta para os milhares de devotos que quiseram ouvir a grande aclamação do Cardeal à indubitável Senhora das Aparições de Fátima.
Voltou à Bélgica e, como anteriormente, foi acolhida por todos os lados com honras de Rainha do Céu.
Principal fonte destas crónicas: “Fátima Altar do Mundo”, 3 volumes, sob a direção literária do Dr. João Ameal da Academia Portuguesa da História…