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Los Angeles a ferro e fogo

Los Angeles vive o terceiro dia de intensos confrontos. Carros queimados, polícia a usar gás lacrimogénio e balas de borracha para dispersar milhares de manifestantes nas ruas. Os protestos já se estenderam às cidades vizinhas de Paramount e Compton.

Os protestos de domingo foram os mais violentos até agora. Na manhã de domingo, tropas armadas com espingardas e escudos antimotim enfrentaram manifestantes que gritavam “vergonha” e “vão para casa”.

Agentes dispararam gás lacrimogénio e balas de borracha. Uma jornalista australiana foi atingida quando estava em direto.

O chefe da polícia de Los Angeles, Jim McDonnell disse que entre os manifestantes estavam os agitadores habituais que aparecem nas manifestações apenas para causar distúrbios.

Várias dezenas de pessoas foram detidas ao longo do fim de semana, incluindo uma no domingo por lançar um cocktail Molotov contra a polícia e outra por conduzir uma mota contra uma linha de agentes.

O governador da Califórnia Gavin Newsom apresentou, entretanto, um pedido formal à Administração Trump para que “revogue o destacamento ilegal de tropas no condado de Los Angeles e as devolva ao meu comando”. 

“Não tínhamos problemas até Trump se envolver. Isto é uma grave violação da soberania do Estado – está a inflamar tensões enquanto retira recursos de onde são realmente necessários. Revoguem a ordem. Devolvam o controlo à Califórnia”, disse Newsom.

COMO TUDO COMEÇOU

Os protestos começaram ainda na sexta-feira à noite, quando agentes federais do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, da sigla em Inglês), do Departamento de Segurança Interna (DHS, também da sigla em inglês), o FBI e a Administração de Combate às Drogas (DEA, igualmente da sigla em inglês) levaram a cabo uma megaoperação para deter imigrantes ilegais em várias zonas da cidade.

As autoridades norte-americanas realizaram várias detenções de imigrantes ilegais que procuravam trabalho na zona de Westlake, onde predominam os imigrantes da América Central e do México.

No fim de semana, o DHS informou que o ICE prendeu 118 imigrantes em Los Angeles. Quarenta e quatro pessoas na sexta-feira.

A população da cidade saiu à rua em defesa dos imigrantes e contra a ação das autoridades. Os primeiros protestos eclodiram ainda na sexta-feira nos locais das rusgas na baixa de Los Angeles, antes de se estenderem no sábado a Paramount, uma cidade fortemente latina a sul de Los Angeles e à cidade vizinha de Compton.

A multidão tentou impedir os agentes federais de levarem os imigrantes detidos, atirando caixotes do lixo aos veículos e bloqueando as estradas.

As rusgas visam cumprir as promessas eleitorais de Donald Trump de deportações em massa. Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Trump já assinou várias ordens executivas sobre a deportação em massa de imigrantes.

Comprometeu-se a deportar um número recorde de pessoas que entraram ilegalmente no país e a fechar a fronteira entre os EUA e o México, estabelecendo como objetivo para a ICE a detenção de pelo menos três mil imigrantes ilegais por dia.

Em consequência, as rusgas aumentaram, tendo sido registadas várias em todos os Estados Unidos este ano.

Nas últimas semanas, o governo dos Estados Unidos introduziu várias alterações no funcionamento do ICE, precisamente com o objetivo de promover mais detenções.

TRUMP ENVIA GUARDA NACIONAL

Donald Trump ordenou no sábado o envio de dois mil efetivos da Guarda Nacional para Los Angeles, uma força militarizada, que só é acionada em circunstâncias muito peculiares previstas na Lei e na Constituição, e com acordo (obrigatório) do governador do estado. 

Trump invocou uma disposição legal que lhe permite enviar membros do serviço federal quando há “uma rebelião ou perigo de rebelião contra a autoridade” do governo dos EUA.

De acordo com Washigton, a Guarda Nacional foi destacada especificamente para proteger edifícios federais, incluindo um centro de detenção no centro da cidade onde os manifestantes se tinham reunido.

A Guarda Nacional é uma força de reserva militar, que é mobilizada em situações de emergência, como desastres naturais. O envio desta unidade em situações de confrontos ou protestos é incomum. Só é usada em situações muito concretas previstas na Lei e na Constituição.

Em 2020, por exemplo, foi mobilizada após os distúrbios provocados pela morte de George Floyd na sequência de uma ação policial, mas com o acordo das autoridades locais.

De acordo com o Centro Brennan para a Justiça, a última vez que a Guarda Nacional foi destacada sem a autorização de um governador do estado foi em 1965, quando o presidente Lyndon B. Johnson enviou tropas para proteger uma marcha pelos direitos civis no Alabama.

ovilaverdense@gmail.com

Com CNN e Agências

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