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Professor de Braga leva luta das escolas ao Parlamento Europeu

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Um professor de Braga entregou aos eurodeputados Marisa Matias (BE), Paulo Rangel (PSD), João Ferreira (CDU) e Pedro Marques (PS) um manifesto em defesa da Escola Pública, abrindo assim no Parlamento Europeu uma nova frente ao conflito que opõe os profissionais de educação – docentes e não docentes – ao Governo.

Num longo texto, a que o PressMinho/OVilaverdense teve acesso, Luís Costa, professor na EB 2/3 Mosteiro e Cávado, em Braga, historia o percurso da escola pública nas duas últimas duas décadas, ao mesmo tempo que reafirma as reivindicações dos professores e descreve o estado de espírito de uma classe que protagoniza uma ruptura com a tutela de forma nunca (ou raramente) vista em Portugal.

Referindo que a Escola Pública, em Portugal, “mudou radicalmente de rumo” nos últimos 17 anos, o docente bracarense afirma que a par da “renovação arquitectónica e tecnológica” de edifícios escolares, se assistiu a um “vórtice reformista” que “arrastou consigo um amplo conjunto de direitos dos professores, sobre os quais foram lançados vários anátemas, que geraram, contra eles, um clima social de desconfiança, de culpabilização, de descredibilização e falta de respeito”.

Desta reforme resulta, escreve Luís Costa, uma “escola caracterizada pela sobreocupação dos professores, pela inflamação do tempo burocrático, em detrimento do tempo pedagógico, pela progressiva desresponsabilização dos alunos, pela desvalorização do conhecimento e do esforço, pela degeneração progressiva da exigência académica”.

“Estes anos de violenta mudança — invariavelmente construída sem os professores, apesar dos professores e contra os professores — desembocaram numa escola na qual nem professores nem alunos se reveem, onde já ninguém se sente verdadeiramente realizado, verdadeiramente feliz”, diz o docente de Braga.

“É –  acrescenta – uma escola que nos cansa, nos absorve, nos ocupa, de forma omnipresente; uma escola que nos obriga a conviver com um crescente vórtice de funções e de tarefas; uma escola que temos de levar para casa, quando não é ela que invade o nosso lar, roubando-nos o sossego, o repouso, o salutar afastamento, o tempo familiar e social; uma escola que nos impõe, quotidianamente, a frustrante sensação de não estarmos a fazer o nosso melhor, porque há uma força que nos impele num sentido muito diferente daquele que nós seguiríamos; uma escola que, infelizmente, semeia e cultiva diariamente, em nós, fundamentadas dúvidas sobre o futuro que estamos a preparar.”

MIOLO DA CONTESTAÇÃO

Antes de apontar as reivindicações, que vão do regime de gestão, “nada democrático” à “subtracção” de seis anos, seis meses e 23 dias “de trabalho árduo, sofrido” ao “injusto estrangulamento” do acesso ao 5.º e ao 7.º escalões ou à “absurda e injusta” avaliação do docente, Luís Costa fala de um “desolador o quadro que, actualmente, se oferece a professores e alunos”.

“As novas, e infindáveis, vagas que assolam constantemente as escolas trazem autênticas enxurradas de novas práticas, imediatamente instaladas no quotidiano pedagógico, de novos instrumentos, que se multiplicam descontroladamente e que são, por natureza, testemunhos de um conhecimento mais efémero, que não teve de ultrapassar a barreira do tempo, que não teve tempo de sobreviver às vicissitudes do esquecimento”, escreve.

“É, em suma, a cultura da superficialidade, dado que esta autêntica vertigem não dá a ninguém, professores e alunos, o necessário tempo para ponderar devidamente, para amadurecer as ideias, para aprofundar as aprendizagens. Tudo é feito no instante e, cada vez mais, para o instante. Não pode ser luminoso o destino”, afirma.

E sublinha: “É este o miolo do mais profundo descontentamento dos professores, o fortíssimo impulso da sua determinada e irreversível contestação”.

FOTOS: Facebook Luís Costa

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