Por Luís Sousa
A Diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de glucose no sangue, sendo a consequência de defeitos na secreção de insulina, na sua ação ou no resultado de ambos os fatores. É uma patologia cada vez mais frequente na população mundial.
Segundo a OMS, desde 1980 o número de diabéticos no mundo quase quadruplicou, facto que se deve, em grande medida, à maior prevalência de excesso de peso, obesidade e à inatividade física generalizada na população. A OMS estima também que em 2030 o número de diabéticos no mundo ascenda aos 570 milhões e, em 2045, para 700 milhões.
No que respeita à prevalência de diabetes em Portugal, a tendência vai em linha com o verificado no resto do mundo. Constata-se um incremento ao nível da prevalência da doença, atingindo no ano de 2015 mais de 1 milhão de portugueses.
Da população com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos, 13,3% têm diabetes. Estes números são e devem preocupar-nos na medida em que fazem da Diabetes um verdadeiro problema de saúde pública para o século XXI que merece todo o nosso enfoque.
O aumento do número de casos de pessoas com Diabetes nos últimos anos encontra explicação sobretudo nas mudanças culturais que ocorreram na sociedade, aliado ao sedentarismo, a padrões alimentares disfuncionais cada vez mais disseminados, ao aumento da obesidade, entre outros fatores.
Em Portugal, 90% da população com Diabetes tem excesso de peso ou obesidade, facto que atesta bem a relação entre estes fatores de risco e a doença. Aliás, sabe-se que uma pessoa obesa apresenta um risco três vezes superior de vir a desenvolver a doença em relação a uma pessoa sem excesso de peso.
Outro fator que pode explicar o incremento no número de casos de Diabetes é o envelhecimento, cada vez mais notório, da população portuguesa ao longo dos últimos trinta anos. Na verdade, mais de um quarto das pessoas entre os 60 e os 79 anos tem Diabetes, valor bem acima da prevalência da doença na população mais jovem.
Recentemente, a OMS, com a resolução emanada da 3.ª Reunião de Alto Nível sobre Doenças Não Transmissíveis, recomenda a todos os países que adotem políticas de modo para fazer face à diabetes considerando-a como problema de saúde pública e reforçando que os diabéticos são das pessoas que mais sofrem com a pandemia da covid-19.
A pandemia por covid-19 veio, infelizmente, sobrecarregar, desde há vários meses, os serviços de saúde, quer os cuidados primários, quer os meios hospitalares, facto que condicionou o acompanhamento dos doentes diabéticos e pode ter contribuído para o agravamento da doença em muitos doentes.
Ansiamos por melhores dias, que nos permitam prestar os cuidados aos nossos utentes como fazíamos antes desta pandemia e conseguir, de certa forma, recuperar algum do tempo perdido.
