Numa alameda Afonso Henriques, em Lisboa, mais vazia do que o habitual para um 1.º de Maio, a secretária-geral da CGTP recusou esta sexta-feira, no discurso comemorativo do Dia do Trabalhador que a crise seja aproveitada para reduzir direitos dos trabalhadores e aplicar austeridade, considerando que há uma “ofensiva que já está em marcha”.
Isabel Camarinha exigiu a “proibição dos despedimentos”, bem como o pagamento a 100% a todos os trabalhadores abrangidos pelo regime de lay-off. “Exigimos uma resposta imediata à ofensiva em marcha”, frisou, durante o discurso do Dia do Trabalhador, naquele que é local histórico das comemorações da CGTP no 1.º de Maio.
Falando aos manifestantes de máscara e a manter distância de segurança, enquanto empunhavam bandeiras da central sindical ou dos seus respectivos sindicatos, Camarinha foi mais longe e pede que sejam também revertidos os despedimentos realizados desde o início da pandemia, garantindo que “os trabalhadores não querem caridade”, mas sim “exigem os seus postos de trabalho e a totalidade das suas retribuições”.
Segundo a secretária-geral da CGTP, está-se a assistir ao “aproveitamento que alguns fazem do vírus para acentuar a exploração”, criando ainda mais precariedade laboral, considerando que “a luta ganha ainda mais actualidade nesta fase da vida nacional, em que está em marcha uma ampla campanha ideológica que pretende incutir que os direitos dos trabalhadores são inimigos da recuperação económica do país”.
A líder da CGTP considerou que é precisamente com avanços nos direitos laborais, protecção do emprego e aumentos dos rendimentos que a recuperação será mais rápida e sólida.
“Não estamos condenados a anos e anos de sacrifícios, a uma recuperação lenta, a um processo doloroso que implicará mais austeridade, como é repetido insistentemente por muitos e admitido pontualmente por outros”, afirmou.
“Alguns queriam calar-nos, mas não nos calamos, cumprindo as regras de segurança individual e colectiva”, afirmou.
Quanto ao regresso dos trabalhadores ao local de trabalho, a CGTP exige “a protecção de todos os trabalhadores”, referindo-se à higienização dos postos de trabalho e à disponibilização de equipamentos de protecção individual.