Durante seis anos, uma equipa formada por historiadores, um ex-agente do FBI e outros especialistas usou técnicas de investigação modernas, como a utilização de algoritmos informáticos para procurar ligações entre diversas pessoas, para desvendar o “caso arquivado”.
Arnold Van den Bergh foi identificado como o traidor da família Frank, que foi descoberta, presa pela polícia e enviada para campos de concentração em 1944, quando se escondia dos nazis.
Van den Bergh foi membro do Conselho Judaico de Amsterdão, um órgão forçado a implementar a política nazi em áreas judaicas, que foi dissolvido em 1943 e os membros enviados para campos de concentração.
Porém, a equipa descobriu que Arnold não foi enviado para um campo de concentração e continuou a sua vida normal em Amesterdão, até à sua morte em 1950.
“Quando van den Bergh perdeu toda as protecções que o isentava de ir para os campos, ele teve que fornecer algo valioso aos nazis com quem teve contacto para que ele e a sua esposa naquele momento ficassem em segurança”, disse o ex-agente do FBI, Vince Pankoke, ao programa CBS 60 Minutes.
A equipa de investigadores revelou também ter encontrado evidências que sugeriam que Otto Frank, o pai de Anne, sabia quem era o traidor, mas tinha mantido esta informação em segredo.
Nos arquivos de um investigador anterior, a actual equipa de investigação encontrou uma cópia de uma nota anónima, enviada a Otto Frank, identificando Arnold van den Bergh como o seu traidor.
O agente Pankoke disse no programa norte-americano que o antissemitismo pode ter sido a razão pelo qual Otto nunca divulgou a informação.
“Talvez ele [Otto Frank] tenha sentido que se trouxesse isto de novo à tona, só iria atiçar ainda mais o fogo”, “mas temos que ter em mente que o facto de [van den Bergh] ser judeu, pode indicar que ele foi colocado numa posição difícil pelos nazis, para fazer alguma coisa que salvasse a sua própria vida”, acrescentou.
Para além do programa CBS 60 minutes, a investigação deu origem ao livro ‘The Betrayal of Anne Frank: A Cold Case Investigation’ de Rosemary Sullivan.
Num comunicado, o museu da Casa de Anne Frank disse estar “impressionado” com as descobertas da equipa de investigação.
O director executivo, Ronald Leopold, acrescentou que a nova pesquisa “gerou novas informações importantes e uma hipótese fascinante que merece mais pesquisas”.
O museu disse não estar envolvido de forma directa na investigação, mas que partilhou os seus arquivos e o museu com a equipa de investigação.
Anne Frank morreu aos 15 anos, num campo de concentração nazi em 1945, depois de dois anos escondida.
O seu diário, publicado após a sua morte, é um dos mais importantes relatos na primeira pessoa, da vida judaica durante a II Guerra Mundial.