Onze actores, vinte personagens em cena, um drama cénico em prólogo e três actos a partir da obra ‘Orlando’ de Virginia Woolf, é a proposta da Teatro Nacional 21 para esta sexta-feira e sábado, às 21h30, no grande auditório da Casa das Artes de Famalicão.
O texto de Cláudia Lucas Chéu parte de ‘Orlando’ de Woolf, e constrói uma narrativa que misturará a ficção de Woolf com uma tentativa de reflecção sobre as questões de género e sobre as ondas de violência que estas originam. Reflectir sobre o facto de o género não ser uma essência nem uma construção social, mas uma produção do poder e realizar uma crítica das categorias de identidade e, especificamente, da identidade enquanto fundamento da acção política.
“DRAMA EM GENTE”
A encenação assinada por Albano Jerónimo remete para uma perversidade polimorfa sonhada, quer pela recusa, quer na paixão angustiada, quer na transformação da beleza, quer nas representações singulares da fisicalidade corpórea, Orlando é uma biografia ficcionada sobre a corrente da consciência, no palco do tempo, Orlando é o nobre, sofisticado e sensível protagonista neste novo reino, nesta nova sociedade e neste novo mundo.
A execução materialista e explicitamente performativa do “drama em gente”, esta crítica quer realçar as qualidades intelectuais e abstratas da pluralidade do Homem, interpretando-a como uma escrita filosoficamente motivada por um teatro mental deste Orlando. Este ensaio, esta fauna aqui reunida, apoia-se em abordagens críticas que nascem na psicanálise e na fenomenologia, do feminismo e da teoria queer, ao investigar a relação performativa entre a despersonalização e personalização corporal que emerge deste romance pós-modernista de Virginia Woolf.
Em palco, um elenco alargado vive a travessia que este espectáculo propõe, sobem a cena André Tecedeiro, Aurora Pinho, Cláudia Lucas Chéu, Diego Bragà, Eduardo Madeira, Luís Puto, Madalena Massano, Maria Ladeira, Pedro Lacerda, Rita Loureiro, Solange Freitas.
A companhia Teatro Nacional 21 foi fundada em 2011 pela mão de Albano Jerónimo e Cláudia Lucas Chéu.