A Câmara Municipal de Vila Verde e a Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde, “ao abrigo da cooperação estabelecida pelo Município com a plataforma de cooperação liderada pelo Alto Comissariado para as Migrações,” cumpriram um grande dever cívico ao acolher à volta de três dezenas de refugiados da Ucrânia, sobretudo mulheres e crianças que fogem do flagelo de uma guerra que ficará na história como a maior brutalidade desta primeira metade do nosso século XXI.
Mulheres e crianças à procura de abrigo e de um lugar mais tranquilo, deixando para trás os seus maridos, os pais, avós e tantos amigos que ficaram no terreno a defender a sua terra, o seu país que, de repente, se tornou cobiçado por um governante ambicioso, tresloucado que deseja, usando o seu poderio bélico, ocupar um território independente que nada fez para sofrer esta terrível e amarga situação.
Um homem que está a destruir, sem dó nem piedade, um belo país com um povo pacato, trabalhador que, sem qualquer explicação, se viu envolvido num conflito nunca imaginado! Um povo lutador pela sua pátria, entregando-se até à morte na defesa daquilo que é sua pertença. Rios de sangue e de lágrimas derramadas numa guerra inexplicável, sem sentido! Cidades, vilas e aldeias completamente destruídas! Uma invasão que, com certeza, se está a fazer contra a vontade da grande maioria do próprio povo russo que também sofre o degredo desta ação inqualificável! Jovens coagidos a lutar contra uma nação irmã, morrendo no campo de uma batalha provocada por um governante com ideais terríveis!
Presenciei e fiquei comovido com o ar sofredor destas mães, já desprovidas de qualquer lágrima, com o coração dilacerado, mas a acarinhar os seus filhos que, inocentemente, brincavam e sorriam!
A Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde disponibilizou a antiga residencial Martins para que a Câmara Municipal pudesse levar avante esta ação tão meritosa e tão humanitária que encherá de conforto os corações daqueles que a praticam e que fizeram tudo para que estes nossos irmãos pudessem encontrar, pelo menos, algum conforto e sossego.
Vi a Presidente da Câmara, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde, vereador, assessor e tantos outros empenhados a dar àquela gente sofredora o melhor que puderam oferecer. Profissionais de saúde, técnicos e funcionários de ambas as instituições com uma entrega total àquela causa humanitária. Fiquei muito feliz por ver todo esse empenho e todo esse trabalho para se acolher, o melhor possível, este povo martirizado e atordoado por tudo o que passaram, viram e sentem.
Encontrei umas instalações remodeladas, graças ao empenho dos funcionários da Câmara Municipal que, previamente e contra o tempo, conseguiram dotar o espaço de condições dignas. A Santa Casa da Misericórdia e a Câmara trabalharam em parceria e tantas outras entidades que disponibilizaram mobiliário, roupas, alimentos e outros bens essenciais para que as pessoas acolhidas possam desfrutar de algum alívio no conforto de uma casa dotada do essencial para poderem viver com toda a dignidade.
A solidariedade que se faz sentir em todo o mundo também está presente em todo o nosso país através do Governo, das instituições de solidariedade social, Câmaras Municipais, empresários e pessoas singulares que disponibilizam habitações para albergar famílias.
Nós somos seres dependentes de tudo e de todos e, por isso, por toda essa nossa fragilidade humana e, ao mesmo tempo, imbuídos dos valores cristãos que a grande maioria da população ainda conserva, é nosso dever acionar toda essa nossa grande riqueza a favor de causas humanitárias que qualquer um de nós pode, de repente necessitar, “ hoje por eles, amanhã por nós.”