Três equipas de sapadores florestais da Associação Florestal do Cávado partiram, esta sexta-feira à tarde, de Braga para a zona da Serra da Estrela para integrar o dispositivo de combate ao incêndio do Garrocho, que está a atingir concelhos do distrito de Castelo Branco.
A mobilização das equipas de Sapadores Florestais – com 15 elementos afectos às estruturas de acção nos concelhos de Braga, Amares e Vila Verde – surge na sequência de solicitação do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), para responder a pedido da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Em comunicado, o presidente da Associação Florestal do Cávado, Carlos Cação, agradeceu a disponibilidade das equipas de sapadores que vão estar já esta noite no combate às chamas “em zonas de maior dificuldade de intervenção”, aproveitando para desafiar as autoridades nacionais e o Governo a “reconhecerem o trabalho destes profissionais na defesa do património florestal e do país”.
“Os sapadores estão hoje a provar, mais uma vez, que estão sempre prontos para dar o máximo e o seu melhor no serviço a favor do país e na defesa do património natural e florestal que é de todos, apesar de o Governo insistir numa injustiça, ao não apoiar nem reconhecer os direitos que são merecidos e devidos aos sapadores”, apontou o líder associativo, que é também deputado eleito pelo PSD.
Num momento de cumprimento e incentivo às equipas de sapadores florestais no momento da partida para o terreno, Carlos Cação lamentou que “o Governo continue a não reconhecer aos sapadores florestais a carreira profissional e o subsídio de risco”.
“É demasiado evidente que são direitos merecidos e justos. Infelizmente, vamos ter de continuar esta luta. Mas estou convicto que o sucesso e qualidade do trabalho que os sapadores desenvolvem vão acabar por triunfar e convencer os governantes”, vaticinou.
Carlos Cação enfatizou ainda a importância da acção dos sapadores florestais para a prioridade que deve ser dada a uma estratégia de prevenção.
“Infelizmente, continua a ser mais fácil dar montes de dinheiro para o combate a incêndios, em vez de apostar seriamente na prevenção. Não podemos olhar a meios quando está a arder, é certo. Mas é lamentável que a prevenção não passe dos discursos, ainda para mais quando o preço que um avião Kamov custa por hora (35 mil euros) o valor que corresponde à totalidade que o Estado assume por cada equipa de sapadores florestais”, afirmou.
O presidente da AFCávado – a associação com mais equipas de sapadores florestais no país – lançou ainda a questão sobre “o que é feito da AGIF – Agência de Gestão Integrada de Fogos Florestais”, criada em 2018 pelo Governo “com a promessa de impedir que se repetissem os incêndios de 2017”, mas que “nunca passou da distribuição de panfletos, sem que nesta altura apareça onde quer que seja”.