Em tempos de crise e de guerra, em tempos de contratempos e de desalentos, é com esperança que Armandino Carvalho aponta para as ruínas de um edifício outrora verde e já tomado pelas silvas na Praça Comendador Sousa Lima. «É ali que vai nascer a nova creche», diz o presidente da Direcção da Casa do Povo da Vila de Prado.
O financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) permite agora o arranque das obras de conversão do deteriorado edifício, adquirido há cinco anos. «Finalmente!», exclama ao jornal “O Vilaverdense”.
É que, com mais de uma centena de crianças em lista de espera, esta nova creche torna-se, segundo Armandino, «fundamental» para alargar a capacidade de resposta desta valência, agora limitada pela capacidade actual. Instalada na Casa das Escadinhas, só tem lotação para 33 crianças.
«Com a nova creche vamos aumentar a nossa capacidade em 45 crianças, num total de 78», explica, adiantando que além daquele equipamento para bebés dos quatro aos 36 meses, a instituição terá ainda um SAD – Serviço de Apoio Domiciliário para 40 idosos.
Pelo caminho ficou o projecto de um Centro de Dia. «O projecto não foi aprovado. Tivemos que abandonar a ideia», lamenta. Amputada daquela valência, a obra arranca, «se tudo correr bem» ainda este ano, prevendo-se que esteja concluída em meados de 2024.
«Queremos ver se conseguimos que a nova creche esteja pronta já no final de 2023. Temos muita urgência na nova creche, porque a procura é muito grande», sublinha.
Todos os dias aparecem famílias a bater à porta da Casa do Povo «aflitas» porque não têm onde deixar os seus filhos bebés enquanto trabalham.
«A última vez que vi a lista de espera, contei 101 nomes», refere. «E não só famílias de Prado ou das quatro freguesias vizinhas [Oleiros, Soutelo, Lage e Atiães]. Temos famílias de Barcelos e Ponte de Lima», sublinha.
O que à primeira vista pode parecer estranho, tem uma explicação bem simples. «Isto acontece porque, as famílias de Lama ou Ucha [Barcelos] que trabalham em Braga não podem deixar os filhos entre casa e Braga porque não tem há creches. Além da Casa do Povo de Braga, só existe a nossa. O mesmo acontece com as famílias de Ponte de Lima. Desta maneira a solução que têm é vir bater à nossa porta».
Ou seja, a creche de Prado é «a âncora» para estas famílias que vivem nos eixos Barcelos – Prado e Ponte de Lima – Prado.
Nos 1.300 metros do edifício nascerá um jardim infantil, parque interior, outro espaço para os miúdos mais pequenos, duas salas de berço, duas para crianças de um a dois anos, e mais outras duas, no total de seis salas.
Receberá também um auditório com capacidade para «cento e pouco pessoas», que se transforma num espaço polivalente, nomeadamente para festas, desde que sejam recolhidas as cadeiras.
Desenvolvimentos na edição impressa de Outubro, nas bancas.