OPINIÃO

OPINIÃO -

Imobiliário Explosivo

Artigo de Marco Carvalho

 

Vivemos momentos incomuns no imobiliário em Braga! Recentemente, um apartamento T3 em bom estado, mas dito “normal”, para arrendamento por 700€, recebeu mais de 30 pedidos de visita logo no primeiro dia! E muitos mais pedidos se seguiram.

Um outro apartamento, mais recentemente, foi arrendado antes de ser anunciado! Acontece cada vez mais! Neste caso, tratou-se de um T2 mobilado, tido como “moderno”, por 900€ de renda mensal, também em Braga! 

E então, persiste em mim esta dúvida – o que fazem estas centenas de pessoas, com quem contatamos, que procuram casa para arrendar e não a encontram?

Quanto às vendas de imóveis, os preços de venda subiram bastante nos últimos anos mas, por outro lado, o ambiente de elevada incerteza que vivemos, também torna muito arriscados os novos projetos imobiliários. Isto, acompanhado por uma crescente procura de habitação, cuja resposta, do lado da oferta, é sempre por natureza muito lenta. 

Está muito difícil neste momento comprar casa! Não é como quando comecei, há 20 anos. 

Também o atual contexto das recentes e contínuas subidas das taxas de juro, afastam ainda mais o comum dos portugueses do acesso a habitação própria. 

O que me preocupa é que, para cada vez mais portugueses está a ser barrado o acesso a habitação, quer na compra, quer no arrendamento. O que vão eles fazer? Para onde vão viver? Como vão constituir família? E se precisarem de se mudar para estudar ou trabalhar noutro local?

É fácil olhar para os sintomas e atacá-los, pensando que se está a atacar a doença! É fácil e é estúpido. 

O problema do acesso à habitação não se resolve limitando artificialmente os valores das rendas. Nem se resolve limitando a vinda de estrangeiros que escolheram Portugal para viver, que aliás, poderão ter um efeito positivo na nossa sociedade, expondo-nos a novas oportunidades, conhecimentos, experiências e projetos. Estes estrangeiros estão a ajudar-nos a construir um Portugal mais cosmopolita, conhecedor e rico.  É certamente o Portugal que queremos para os nossos filhos e netos.

O problema do acesso à habitação não se resolve maltratando e assustando senhorios e investidores. 

Para resolver eficazmente o problema do acesso à habitação é necessário atuar no lado da oferta. 

Ao aumentarmos a oferta, aumentamos a concorrência e baixamos os preços, tanto da venda como dos arrendamentos. Não é simples, mas tem de acontecer desta forma.

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