Várias escolas do Concelho de Vila Verde estão esta quinta-feira sem actividades lectivas devido à greve do pessoal docente. Os profissionais estiveram ao longo desta manhã concentrados à entrada de dois diferentes estabelecimentos – exibindo e entoando mensagens de protesto – os quais a Escola Secundária e a EB 2,3 de Vila Verde.
Neste último caso, os docentes presentes pertencem aos diversos estabelecimentos que compõem o Agrupamento de Escolas de Vila Verde. De notar ainda que sensivelmente a meio da manhã muitos saíram em caminhada rumo ao Município, prosseguindo a manifestação.
Ao que o “O Vilaverdense” apurou, a greve está também a causar constrangimentos noutros estabelecimentos de ensino do Concelho.
«TODA UMA CLASSE QUE CONTINUA TODOS OS ANOS A SER DESRESPEITADA E DESVALORIZADA»
Maria João Fernandes, professora de Geografia na Escola Secundária de Vila Verde, foi um dos rostos do protesto e explicou os motivos da concentração (que no total e contando com os dois espaços acima referidos) juntou mais de uma centena de docentes.
«As motivações são essencialmente em relação às novas propostas do Ministério da Educação, as quais achamos que vão piorar a situação das escolas e professores. A colocação de docentes, – quer de contratados quer dos que estão no quadro – ou a mudança dos escalões… É uma série de motivos», disse, prosseguindo: «Serve, também, para apelar ao Ministério, encarregados de educação e todos aqueles que de alguma forma estão ligados às escolas para esta realidade. Trata-se de toda uma classe que continua, todos os anos, a ser desrespeitada e desvalorizada».
Indo um pouco mais longe, Maria João Fernandes sublinhou que «a nossa carreira e estrutura salarial não se coadunam com as nossas competências e trabalho. Queremos que isso seja valorizado».
NOVAS MEDIDAS FORAM «GOTA DE ÁGUA»
Também Mónica Fernandes, professora de Inglês na EB 2,3 de Vila Verde, destacou que o objectivo da mobilização passou por «contestar, entre várias outras motivações, as novas medidas e o novo modelo de recrutamento dadas a conhecer pelo Ministro», as quais classificou como «a gota de água» ou a «ponta do icebergue».
«Sabemos, desde ontem (pelo Ministro), que a contratação dos professores não seria feita pelas autarquias nem pelas CCDR. Então por quem será feita a distribuição dos recursos humanos? Quem é que vai alocar esses professores quando terminarem as reservas de recrutamento?», questionou, acrescentando que «segundo o Sr. Ministro a contratação será feita primeiro pela graduação profissional… eu pergunto porquê primeiro? Não deveria ser única e exclusivamente a graduação profissional? O que vem depois? Isso é que não é dito…», frisou.
Mais à frente, a docente disse ainda que «somos precários e não “coitadinhos”. Os salários não são aumentados há vários anos, temos as carreiras congeladas e gostaríamos de ver reposto todo o tempo de serviço. Há colegas “encalhados” nos 4º e 6ª escalões que não passam para o seguinte por causa das quotas. Foi ainda dito que só os professores com doutoramento poderão passar para o 5º e 7º escalão… Porquê? A questão é esta: Com o nível de vida a aumentar nenhum professor consegue fazer um doutoramento neste momento. É um critério injusto. Também queremos horários decentes, pois somos lesados na Segurança Social quando temos horários incompletos, pois não fazemos os descontos totais. Prejudica-nos futuramente ao nível de reformas e na questão do desemprego».
«Existem muitas reivindicações que gostaríamos de ver resolvidas e que se arrastam ao longo dos anos», atirou.