Os professores precisam de trabalhar, em média, 39 anos e ter 62 anos de idade para chegar ao último escalão da carreira, segundo o relatório “Estado da Educação”, que alerta para a precariedade e pouca atractividade da carreira docente.
O Conselho Nacional de Educação (CNE) divulgou nesta quinta-feira o relatório “Estado da Educação 2021”, que apresenta uma visão integrada de um conjunto de indicadores, dos quais se destaca o retrato aos professores, que nos últimos dois meses intensificaram os seus protestos e greves exigindo melhores condições salariais e de trabalho.
Há vários anos que os sindicatos denunciam a precariedade dos docentes, conhecidos por “andar com a casa às costas” ao sabor de vagas que abrem nas escolas e de novos contratos de trabalho, assim como a existência de mecanismos que impedem a progressão quando finalmente conseguem ingressar na carreira.
Em média, um professor passa os primeiros 16 anos de trabalho a dar aulas com contratos que se vão sucedendo. Durante esse período, o salário é sempre o mesmo.
Quando finalmente se conseguem vincular aos quadros do Ministério da Educação têm, em média, 47 anos de idade e quase 16 anos de serviço.
Quando chegam ao 4.º escalão deparam-se com quotas e vagas de acesso ao 5.º, o que dificulta a progressão.
No passado ano lectivo, um em cada quatro docentes dos quadros (25,4%) estava no 4º escalão e apenas 6,3% estava no escalão seguinte, refere o relatório.
Muitos professores nunca atingem o topo da carreira ou, quando chegam, estão à beira da reforma, segundo os dados do relatório, que mostram que os professores das escolas públicas do continente precisam, em média, de “39 anos de serviço e 62 anos de idade para ascender ao último escalão remuneratório”.
Apesar de serem uma classe envelhecida – a maioria tem mais de 50 anos – apenas 16% estão no 10.º escalão: os professores portugueses são dos europeus que precisavam de mais anos de serviço para atingir o topo da carreira, segundo o relatório da OCDE “Education at a Glance 2022”.