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Mário Nogueira fala em 80 mil professores nas manifestações do Porto e de Lisboa deste sábado

“Para quem achava que os professores estavam cansados, fartos ou iam desistir, bem podem agora meter a viola no saco, porque hoje calculamos que aqui, em Lisboa, entre os que estão, estiveram e que ainda não entraram, estaremos cerca de 40 mil professores e outros 40 mil no Porto. Mais uma vez, temos uma enorme manifestação com professores na rua.” Palavras fortes de Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, na manifestação que o sector está a levar a cabo neste sábado, em Lisboa.

Lá, o líder sindical reiterou que o sector requereu uma negociação suplementar com o Ministério da Educação para dia 9 de Março, e convidou os professores a manifestar-se às portas da sala de negociações.

“As organizações sindicais quiseram dar ao Sr. ministro da Educação a última oportunidade para poder chegar a um acordo. Por isso, requeremos a negociação suplementar para o próximo dia 9. Iremos lá, desde já convidando todos aqueles que possam para estar à porta, porque podem crer que não é mesma coisa com silêncio cá fora ou com as palavras de ordem que incomodam muito o Sr. Ministro”, disse Mário Nogueira.

O secretário-geral da Fenprof atirou farpas em direcção ao ministro João Costa, que acusou de “sair pelas portas dos fundos”.

“Bem pode o Sr. ministro da Educação, agora quando visitar as escolas, fugir pela porta dos fundos, como fez em Faro. Bem pode fazer isso, que não é isso que vai evitar o protesto. E mais, se quem não deve, não teme, o Sr. ministro nada tem que temer e deve entrar na porta principal. Se não o faz, é porque sabe que deve”, disse Mário Nogueira.

“Sr. ministro, se não quer continuar a temer entrar por onde os professores estão, pague aquilo que deve. Ou seja, conte o tempo de serviço que está a roubar aos professores”, apelou.

POLÍCIA NAS ESCOLAS

Mário Nogueira recordou os dias de greve da passada sexta-feira, bem como de quinta-feira. “Dois dias de greve em que foram impostos aos professores serviços mínimos ilegais. Chegando ao ponto de haver escolas em que, não bastando os serviços mínimos, houve directores que puseram serviços máximos a toda a gente, chegando a chamar a polícia à escola, o que é uma coisa completamente intolerável. Uma escola democrática não é para ser forçada pela polícia a meter os professores lá dentro”, considerou o líder sindical.

“Se pensa o Governo que são serviços mínimos, ou seja lá que outra imposição tenha de fazer, que levará os professores a deixar de lutar, ai não vão, não vão. A única coisa que conseguem é que a indignação cresça e que os professores, cada vez mais, sintam que a luta não vai parar”, alertou ainda o líder sindical.

Para Mário Nogueira, “não é com polícia, serviços mínimos e imposições que vão conseguir submeter profissionais, que são profissionais da liberdade, que nas escolas estão a ensinar a cidadania aos seus alunos”.

O secretário-geral da Fenprof alertou ainda que “a luta vai continuar enquanto os professores não forem respeitados”.

LINHAS VERMELHAS

Desde um palco perante a Assembleia da República, Mário Nogueira anunciou as linhas vermelhas com as quais não será possível encontrar acordo com a tutela. Entre elas, a transformação dos 10 quadros de zona pedagógica (QZPs) em 63 “mais pequeninos”. “Mas toda a gente pensou, ‘Bom, se são mais pequenos, aí vem a estabilidade. Vou ficar naquele que é junto à minha residência’. O que é que a proposta diz? ‘Ficas nesse, mas tens de concorrer a outros três à volta, e se não houver três adjacentes, ainda tens um terceiro contigo. Ou seja, o QZP é o da tua casa, mas podes ir parar a 150 quilómetros dela’.”

Para quem está no Sul, e é do Norte, “este efeito sente-se ao contrário”, alegou Mário Nogueira. “É que, mesmo que haja vaga e mobilidade interna no Norte, os três QZPs a que pode concorrer, são os três adjacentes que o impedem de concorrer lá para casa”, explicou, continuando: “Ou seja, criou QZPs mais pequenos que, por um lado, dão um chuto em quem está ao pé de casa, por outro lado, dá prisão a quem está longe de casa.”

“Nós não vamos aceitar isso. Com isto, não há acordo”, disparou, em palavras de ordem que repetiu após cada uma das linhas vermelhas apontadas.

Outra delas, aliás, prende-se com a vinculação de 10.700 professores. “É mau? Não. É bom. Agora, o que não diz é que, com três ou mais anos de serviço, há 15.603 professores. Portanto, há 5 mil professores com mais de 9.095 dias que não vão poder vincular.

O que é que isto quer dizer? “Que esta selecção era normal que se fizesse por graduação profissional. Só que não é isso que vai fazer. O que tem é um regime que vai permitir a vinculação de colegas com 4 ou 5 anos de serviço, e bem, e deixar fora colegas com 16 ou 17 anos de serviço, por uma razão simples: porque em 31 de Dezembro de 2022 não tinham contrato activo”, explicou ainda.

Mário Nogueira fala ainda no Concelho Local de Directores. “E o que é que o ministério da Educação fez? Mudou-lhe o nome, mas ficou exactamente o mesmo. Ou seja, para pôr professores do QZP a poder ter que trabalhar em duas escolas”, acusou, apontando mais uma linha vermelha.

 

FOTOS: Frenprof

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