Os movimentos ‘Braga para Todos’ e ‘Braga Animal Save’ querem que a Câmara de Braga proíba os passeios de charrete promovidos recentemente através de passeios turísticos, tanto pela Quinta Pedagógica como por privados e mesmo em feiras como a AGRO.
Aqueles movimentos cívicos defendem, em comunicado conjunto, que “não existe qualquer motivo para o uso dos animais como transporte no turismo, a não ser o egoísmo humano e em muitos casos a falta de reflexão sobre o sofrimento causado ao animal”.
Para Elda Fernandes, do Braga para Todos, “é importante Braga ser um exemplo a nível de políticas de animais que transcendam os cães e os gatos, pois todos os seres sencientes sentem dor”.
“ Do ponto de vista da defesa dos animais não nos parece plausível em 2018 usar para fins turísticos animais, e ainda mais contraditório é existir esta oferta numa Quinta Pedagógica, que deve ensinar os mais novos a respeitá-los, urge entender que eles partilham connosco o planeta e não estão cá para nos servir, os animais, seja qual for a espécie, não são objectos e apesar da lei para equídeos em Portugal apenas complementar os que são para consumo as cidades têm autonomia para dar o primeiro passo”, refere aquela responsável.
Segundo os movimentos, esta prática não deve ser incutida aos mais jovens. “ Por norma as crianças têm uma grande admiração pelos animais e isso é genuíno, mas mostrar actos mais ou menos violentos onde os animais são meios é promover uma violência gratuita, a par de fomentar uma cultura antropocêntrica sem pensar no animal, e para os adultos facilmente é entendível que estamos a forçar um animal por vezes a excesso de cargas, cansaço extremo, altas temperaturas a par dos equipamentos que podem provocar lesões, como por exemplo um arreio mal colocado.”
Elda Fernandes afirma que ficaram surpreendidos com a comunicação da Quinta pedagógica a promover os passeios de charrete. “ Braga quer ser uma cidade inovadora a promover passeios da época medieval, não faz sentido, mais uma vez mostra-se a má gestão das políticas animais, e o argumento que são bem tratados não pode ser validado pois é efectivamente a exploração de um animal para fins turísticos, o que também mancha pela falta de ética as actividades turísticas do município”.
USO PRIVADO
Quanto ao uso por privados, os movimentos mostram-se cautelosos, mas acreditam que “as excepções devem ser raras e fiscalizadas tanto na venda, como no tratamento dos equídeos e o município deve trabalhar para dar outras opções a quem a tem somente esta opção”.
“Quanto à actividade por parte de privados se for para turismo deve ser proibida, no caso de ser meio de transporte de pessoas com menos recursos sugerimos fiscalização, quer na venda ilegal, muito comum, como na verificação da saúde dos animais e do excesso de carga através da veterinária municipal e do SEPNA, e também que estas pessoas sejam ajudadas pelo executivo para terem acesso a outros meios de transporte, quer seja para circular na via pública ou para ajuda na agricultura”, justifica Elda Fernandes.
Elda Fernandes, no entanto, lamenta que “esta acção possa não ser concretizada face à cor política do edil”, mas garante que tanto o Braga para Todos como o Braga Animal Save “vão lutar, como têm feito, até Braga ser uma cidade amiga dos animais”.
“Com base nas posições da ala direita no parlamento tememos que Ricardo Rio pense da mesma forma, mas como mostra compaixão por animais tradicionalmente de companhia, vamos tentar sensibiliza-lo a não ser especialista, e perceber que estamos numa mudança de paradigma e que depende da sua decisão dar uma vida digna aos animais do município”.