O vereador do PS na Câmara de Braga Adolfo Macedo afirmou esta segunda-feira que o negócio de arrendamento do antigo Cinema S. Geraldo configura “uma espécie de plataforma giratória de transferência directa de dinheiro público para a arquidiocese”.
Falando na reunião quinzenal do executivo, Adolfo Macedo acrescentou que, até agora, a câmara “já deitou ao lixo cerca de meio milhão de euros, para nada”.
Na resposta, o presidente da câmara, Ricardo Rio, acusou o vereador socialista de “pouca seriedade” na forma como se tem referido ao dossiê, sublinhando que “os projetos têm diferentes etapas”, que têm vindo a ser cumpridas.
Disse ainda que em 2017, quando decidiu avançar para a compra do antigo cinema, a câmara foi “sensível” aos apelos da população, para evitar que o edifício caísse nas mãos de privados.
A Câmara de Braga arrendou, em meados de 2017 e por um prazo de 10 anos, o antigo cinema S. Geraldo, pagando mensalmente 12.500 euros à arquidiocese, proprietária do edifício.
A intenção da câmara é ali instalar o Media Arts Center, mas até à data a obra ainda não avançou.
“Estamos há seis anos e um mês sem nada acontecer. Entretanto, estamos a deitar dinheiro fora todos os meses. É uma espécie de plataforma giratória de transferência direta de dinheiro público para a arquidiocese”, apontou Adolfo Macedo.
O vereador socialista disse ainda que a opção de compra, ao fim dos 10 anos, que consta do contrato “é uma ilusão”, já que “depende sempre da vontade e da licença da Santa Sé”.
Desafiou, assim, a câmara a comprar o edifício “imediatamente” o edifício.
O presidente da câmara respondeu que já abordou o novo arcebispo de Braga, José Cordeiro, sobre a eventual compra e que este se manifestou “disponível para conversar”.
Sobre o arredamento, Ricardo Rio adiantou que a intenção foi mesmo resgatar o edifício do interesse privado, sublinhando que na altura “não havia projeto nem uma única página escrita” sobre o destino a dar ao imóvel.
Disse ainda que o valor da renda é “perfeitamente justo” face às condições do mercado imobiliário.
Segundo o autarca, até ao final deste ano será lançado o concurso público para a obra de recuperação do antigo cinema, que deverá significar um investimento de cerca de cinco milhões de euros.