O Grupo VITA apresenta em 12 de Dezembro um Manual de Prevenção de Violência Sexual no Contexto da Igreja Católica em Portugal, revelou esta sexta-feira a estrutura de apoio às vítimas de abuso sexual na esfera eclesiástica.
O grupo coordenado pela psicóloga Rute Agulhas adiantou em comunicado que a obra está actualmente “em fase de elaboração e será apresentada publicamente” nessa data com o primeiro relatório de actividades, quando já foram reportados 13 casos à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Polícia Judiciária (PJ), além de 31 situações junto das estruturas da Igreja.
A funcionar desde 22 de Maio, o Grupo VITA assegurou também já ter recebido 210 chamadas telefónicas, que, juntamente com as formas de contacto online, se traduziram em 57 pedidos de ajuda de vítimas. Foram também efetuados 35 atendimentos, na sua maioria presenciais.
“Na sua maioria, estes pedidos de ajuda dizem respeito a pessoas adultas que terão sido vítimas de violência sexual na infância ou adolescência, existindo também situações de pessoas especialmente vulneráveis e algumas situações mais recentes”, explicou a estrutura, que garantiu não existirem atrasos na resposta às vítimas.
Sublinhou ainda que a bolsa de psicólogos formados para a temática da violência sexual conta já com “cerca de 80 profissionais (psicólogos e psiquiatras)” e que estão em curso quatro estudos de investigação com vista a obter um “conhecimento mais aprofundado desta realidade em Portugal”.
Criado em abril, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica.
O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.