O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apelou este sábado à responsabilidade política e à participação dos cidadãos nas legislativas de 2024, para promover uma “solidariedade nacional” em resposta à crise. Dos partidos políticos pretende propostas “assertivas” para evitar que as pessoas votem por “raiva”.
“Os indicadores são especialmente preocupantes nos sectores da saúde, da educação, da habitação e do custo de vida, com subidas muito significativas que vão agravar a situação de uma grande percentagem de famílias, já fragilizadas pelas crises que se vão acumulando”, refere D. José Ornelas, na sua mensagem de Ano Novo, divulgada online.
O responsável católico evoca as “crises políticas, sociais e económicas” de 2023.
“Afectaram profundamente a nossa sociedade, criando instabilidade e tensão e levando à queda do Governo, o que nos coloca, em 2024, num cenário de eleições legislativas antecipadas, a somar aos escrutínios já previstos para o Parlamento Europeu e para a Região Autónoma dos Açores”, aponta.
O bispo de Leiria-Fátima pede a participação dos cidadãos nestes actos eleitorais, tendo como critério o “bem comum”, antes de apontar aos perigos provocados pelo “agravamento das condições de vida das famílias e a dificuldade de acesso a bens essenciais”.
As eleições que se aproximam exigem propostas assertivas e conteúdos programáticos compreensíveis para que se possa, a nível nacional, discutir projectos e apresentar soluções. Só assim os cidadãos podem ser levados a optar pela adesão a projectos concretos e não a votar pela raiva ou desilusão ou, pior ainda, a não votar”.
O presidente da CEP recorda que 2024 é o ano em que se comemora o 50.º aniversário do 25 de Abril, prestando homenagem aos que estiveram na “primeira linha do combate pela democracia, grande parte deles motivados pela sua fé e pelo desejo de colaborar num mundo melhor”.
“ACOLHER AS VÍTIMAS”
A mensagem reflecte sobre a vida da Igreja católica em Portugal, marcada pela “realidade dos abusos de menores”, na sequência do trabalho desenvolvido pelas Comissões Diocesanas de Protecção de Menores e sua equipa de coordenação nacional, pela Comissão Independente e o Grupo VITA.
O responsável fala num compromisso de “acolher as vítimas e contribuir para a reparação das suas vidas”, com aposta na área da prevenção e formação, para promover ambientes seguros.
- José Ornelas recorda as “sementes de esperança” deixadas pela realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, destacando que os jovens “querem ser ouvidos e ter lugar na Igreja”.
“Neste período pós-JMJ é preciso continuar a escutá-los e, numa perspectiva sinodal, dar-lhes protagonismo para que sejam agentes da renovação eclesial no seio das suas comunidades”, sustenta.
O bispo de Leiria-Fátima foi um dos dois representantes da CEP na primeira sessão da Assembleia Sinodal que decorreu no Vaticano, de 4 a 29 de Outubro, destacando que o trabalho prossegue agora nas comunidades católicas, chamadas a “dialogar de forma construtiva”.
Tendo por diante, em 2024, a participação activa na dinâmica sinodal, tenhamos a franqueza de saber construir a paz ouvindo todos os que são seguidores do mesmo Cristo e a humildade para não rejeitar qualquer posição ou pretensão, só por ser de quem não pensa como nós”.
A mensagem alude às guerras na Ucrânia e na Terra Santa, alertando para a “situação dramática, pungente e dolorosa” em que vivem milhares de pessoas.
“A todos vós, às vossas famílias e comunidades, desejo um feliz Novo Ano, com a bênção de Deus, repleto das bênçãos desse Menino que veio viver connosco, para nos trazer a alegria, a esperança e a paz”, conclui D. José Ornelas.
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Com Agência Ecclesia
Foto Agência Ecclesia/MC