OPINIÃO

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2024, o que nos espera?

Por Luís Sousa

Os últimos anos ensinaram-me que é melhor não arriscar fazer muitas previsões sobre o dia de amanhã. Em janeiro de 2020, estávamos longe de imaginar que vinha aí uma pandemia. Em janeiro de 2022, a guerra na Ucrânia não aconteceria nem nos nossos maiores pesadelos. E em janeiro do ano passado ninguém acreditava que, no final desse ano, já teríamos um governo em gestão. Portanto, perante tais evidências, julgo melhor não arriscar fazer de Maya, a taróloga, apesar de torcer para que Portugal, em 2024, tenha todos os astros bem alinhados por um futuro mais promissor.

As eleições de março têm tudo para ser um dos momentos mais importantes do ano em termos daquilo que pode ditar o futuro de Portugal. Temos problemas em cima da mesa no dia-a-dia dos portugueses, em cujo diagnóstico tendemos a concordar: os setores da educação e da saúde vivem a sua maior crise de sempre; a habitação não está acessível à vasta maioria dos cidadãos; os jovens saem tarde da casa dos pais por manifesta incapacidade económica para fazer uma vida independente; não conseguimos reter no país a geração mais qualificada da nossa história que emigra para servir nas economias mais desenvolvidas da Europa; o preço dos bens alimentares vai subindo, criando dificuldades, sobretudo, aos mais pobres que têm que optar por alimentos menos onerosos e, normalmente, menos saudáveis; somos um país em que a perceção da corrupção é pior do que a média europeia.

Sabemos, aliás, que a corrupção custa-nos, anualmente, 18 mil milhões de euros; a economia portuguesa estagnou nas últimas duas décadas com os piores 20 anos de crescimento do último século e até já fomos ultrapassados por países do leste europeu; a política fiscal merece uma revisão que conduza a uma maior valorização do trabalho, sem comprometer a sustentabilidade do nosso Estado Social; somos o país da Europa Ocidental com a oitava carga fiscal mais elevada sobre o trabalho, apesar dos Portugueses receberem os segundos salários mais baixos da Europa Ocidental; sabemos que mais de 40% das famílias portuguesas não tem rendimentos suficientes para pagar IRS.

Concordando que estas famílias, por força da sua situação económica, não podem nem devem pagar IRS, não podemos deixar de lamentar que seja tão elevada a percentagem de famílias nessa situação. Que retrato tão triste para Portugal!

No ano em que comemoramos os 50 anos do 25 de abril de 1974 seria importante que a abstenção não fosse assunto no pós eleições. Não tenho dúvidas que, de uma maneira ou de outra, todos ansiamos por um retrato diferente do país. Provavelmente, divergimos uns dos outros na forma como consideramos conseguir fazê-lo, acreditando em caminhos diferentes. 2024 é, também, o ano em que somos chamados a escolher esse caminho. Não deixemos que sejam os outros a escolher por nós!

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