A polícia espanhola anunciou esta quinta-feira em Madrid que uma série de transferências, feitas por “um cidadão português” há mais de um ano, levou ao desmantelamento de uma rede de venezuelanos que se dedicavam ao branqueamento de capitais.
“A investigação começou há mais de um ano, quando os agentes detectaram uma série de transferências, feitas por um cidadão português a partir do estrangeiro, que tinham como destino contas bancárias de pessoas ligadas a ex-políticos venezuelanos e gerentes de uma empresa de gestão de património em Espanha”, revelou a Polícia Nacional espanhola em comunicado.
Segundo a força de segurança, foram detidas quatro pessoas em Madrid e emitidos três mandados de detenção internacionais.
Os agentes da autoridade também embargaram preventivamente 115 imóveis avaliados em 60 milhões de euros, entre os quais um hotel, dois edifícios de apartamentos, uma urbanização de luxo com mais de 60 vivendas situada em Marbella (Espanha) e várias casas no bairro de Salamanca (Madrid).
Com a ajuda dos mecanismos de cooperação policial internacional, os agentes verificaram que “essa pessoa” de nacionalidade portuguesa também estava a ser investigada pelo Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos.
A polícia espanhola explica que, “aparentemente”, ela estava envolvida num esquema de ajuda a “vários ex-directores de uma empresa pública venezuelana” para lavar mais de 1.200 milhões de euros obtidos através de subornos, no que é conhecido nos Estados Unidos como o caso ‘Money Flight’.
A colaboração entre os dois países permitiu concluir que a empresa de gestão de património oferecia serviços de lavagem de capitais aos políticos e executivos venezuelanos da empresa pública referida antes.
O esquema contava com uma “complexa estrutura corporativa com ramificações na Suíça, Malta e Itália” e permitiu esconder os lucros obtidos da actividade criminosa, tendo sido investidos fundos em activos imobiliários localizados na Espanha.