A plataforma Basta de Touradas criticou, esta sexta-feira, a anunciada realização de uma “tourada de anões” em Abade de Neiva, Barcelos, considerando tratar-se de um espetáculo que consubstancia um abuso dos animais e põe em causa a dignidade humana.
Contactado pela Lusa, José Ribeiro, da Comissão de Festas da Senhora da Abadia, garantiu que se trata apenas de um “espetáculo de humor”, que respeita “escrupulosamente” quer os animais quer os participantes.
“Não há uma lança, não uma seta, não há nada que maltrate os animais. E os anões são pessoas, como outras quaisquer, que participam no espetáculo por sua livre e espontânea vontade”, disse José Ribeiro.
O espetáculo está agendado para 16 de junho e visa angariar fundos para as Festas da Senhora da Abadia, que se realizam em agosto.
Em comunicado divulgado esta sexta-feira, a plataforma Basta de Touradas refere que, “além do lamentável abuso dos animais”, o espetáculo põe em causa a dignidade humana.
Recorda que as touradas com pessoas com nanismo foram proibidas em Espanha, em abril de 2023, por serem consideradas “espetáculos degradantes para pessoas portadoras de deficiência”.
Acrescenta que, em Portugal, a legislação e a Inspeção Geral das Atividades Culturais (IGAC) continuam a permitir estes espetáculos com “toureiros cómicos”.
Diz ainda que o cartaz do espetáculo marcado para Abade de Neiva refere a participação de “recortadores”, “modalidade que não está prevista no regulamento do espetáculo tauromáquico”.
Recortadores são toureiros que enfrentam o touro só com o próprio corpo, ou então com recurso a um auxiliar simples, como uma vara.
A plataforma diz esperar que o Estado português e a IGAC atuem no sentido de proibir este tipo de “espetáculos degradantes” com pessoas com nanismo.
José Ribeiro responde que o espetáculo só será realizado com licença emitida pela Câmara de Barcelos e reitera que tudo decorrerá com o “máximo respeito” pelos animais e pelos participantes.
“É um mero espetáculo de humor. Se houvesse qualquer desrespeito fosse por quem fosse, eu seria o primeiro a diz não”; rematou.