VILA VERDE (25 de Abril)

VILA VERDE (25 de Abril) -

Os «18 meses muito intensos» do fotojornalista Alfredo Cunha fazem ‘história’ na biblioteca municipal de Vila Verde

«Aqui estão retratados 18 meses muito intensos». Foi assim que o fotojornalista Alfredo Cunha projetou, esta tarde, o livro dos melhores registos fotográficos do ‘25 de Abril de 1974 – quinta-feira’, hoje apresentado na Biblioteca Municipal de Vila Verde.

«É uma viagem no tempo», assinalou a presidente da câmara municipal, Júlia Fernandes, durante uma cerimónia que contemplou ainda a inauguração da exposição com uma «riquíssima» galeria de fotos do dia da revolução.

O livro, que é obra oficial da Comissão das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que este ano se celebram, «vai ficar como obra de referência», vaticinou o autor, aludindo que «é uma obra cara, muito exigente e que já está esgotada. Estamos a imprimir a 2ª edição». Conta com textos originais de Carlos Matos Gomes, Adelino Gomes e Fernando Rosas, e intervenções de Vhils sobre imagens icónicas de Alfredo Cunha, para a capa e separadores.

No dia 25 de Abril de 1974 (uma quinta-feira, tal como voltará a acontecer em 2024), Alfredo Cunha estava em Lisboa e fotografou a revolução nos seus principais cenários, captando imagens icónicas que perduram até hoje associadas ao acontecimento que mudou a História de Portugal.

«O 25 de Abril foi aquele momento, mas seguiram-se 18 meses muito intensos, até à formação do primeiro governo de transição», recordou Alfredo Cunha, sublinhando, contudo, que «foram cumpridos os três D´s do 25 de Abril: descolonizar, democratizar e desenvolver». Aliás, fez questão de frisar que, perante o quadro político atual de Portugal, «a democracia tem percalços, mas é normal, pois queremos viver em democracia».

Para celebrar os 50 anos de democracia, Alfredo Cunha concebeu, a partir das suas imagens, um livro em três partes: Guerra — com texto de Carlos Matos Gomes, militar de Abril e da guerra colonial; Dia 25 de Abril — com texto de Adelino Gomes, repórter que acompanhou os acontecimentos em Lisboa; Depois de Abril — com texto de Fernando Rosas, historiador e protagonista destes anos quentes. «Este dia 25 de Abril não me pertence.

É o 25 de Abril do Alfredo Cunha, então com 20 anos e que logo no início da carreira tem inesperadamente o dia mais importante da sua vida de fotógrafo. «Uma dádiva e uma maldição», assinalou.

JÚLIA FERNANDES – «Recuamos no tempo…»

Orgulhosa de ter «este vilaverdense» por adoção (Alfredo Cunha é natural de Celorico da Beira e mora em Vila Verde há 30 anos), a presidente da câmara referiu tratar-se de «uma viagem no tempo. Ao ver estas fotos, os rostos e todo o envolvimento do dia 25 de Abril de 1974, Alfredo Cunha coloca-nos lá. É o pintor dos rostos e mostra-os de forma tão viva que se consegue perceber as emoções e tensões.

A autarquia, que prepara um extenso programa de come,orações dos 50 anos do 25 de Abri, diz que «é importante fazer chegar esta marca às novas gerações. Por isso, vamos envolver toda a comunidade».

O AUTOR

Alfredo Cunha nasceu em Celorico da Beira, em 1953. Em 1970, iniciou a sua carreira profissional em fotografia e, em 1971, entrou no jornal Notícias da Amadora.

Desde então, tem colaborado com muitas publicações, como O Século, o Público ou o Jornal de Notícias, tendo exercido em algumas o cargo de editor de fotografia.

Foi fotógrafo oficial dos presidentes da República Ramalho Eanes e Mário Soares, recebendo a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique em 1996. É autor das famosas séries fotográficas dedicadas ao 25 de Abril de 1974 e à descolonização portuguesa, entre outras.

Já publicou dezenas de livros de fotografia e apresentou dezenas de exposições, tendo recebido vários prémios e distinções pelo seu trabalho.

ovilaverdense@gmail.com

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