Com organização da Associação Cultural e Recreativa de Barbudo, o Grupo Coral da freguesia cumpriu a tradição de “cantar às almas”. Desde o dia 4 de março e até ao início da semana santa, todas as noites, pelas 21h, o grupo reuniu-se para orar em cantos. Estes são louvores aos falecidos.
“É uma tradição secular, também conhecida como “encomendação das almas” que surgiu após a Igreja Católica ter assumido, no Concílio de Trento, a existência do Purgatório”, explica o padre da paróquia, Angelino Kamati.
“As pessoas religiosas acreditavam que a vida não terminaria no mundo humano. Com o dinheiro das esmolas resultantes deste cantar das almas, mandavam rezar missas em honra das almas do purgatório, estando assim a ajudar as almas perdidas a encontrar o seu caminho para junto de Deus”.
Em Barbudo, o cantar realiza-se no ponto alto da aldeia. Dentro da Igreja, celebram esta tradição todas as noites. A população pode juntar-se ou ficar por sua casa e participar também, já que tudo é transmitido pelos altifalantes.
Antigamente, segundo o pároco, “pela Quaresma, o início da tradição era junto à capela, às quartas-feiras à noite e domingos após o almoço”. O grupo dos cantares dividia tarefas, “um andava com o saco para o milho, e o outro com uma lata para o azeite, e a cada ano era dada a tarefa a duas pessoas para serem os fiéis depositários”. De casa em casa, estes tinham o dever de voltar àquelas que não deram esmolas quando visitadas.
“A rapaziada gostava de molhar o bico, com um copinho de vinho em todas as casas, até porque cantar faz secar a garganta”, brinca. Conta a história que “os que não lhes saciassem a sede, chegado outubro, iam à sua vinha e comiam-lhe as uvas.”
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