Um Photovoice (voz através das imagens) foi inaugurado, esta manhã, na Adega Cultural de Vila Verde. É o resultado de trabalhos de investigação e partilha de sentimentos e expressões de jovens, no âmbito de um projeto internacional para combater a discriminação e rumores antissociais, fomentar a inclusão e construir pontes interculturais.
Integrada no Projeto NET-IDEA (Network of European Towns for Interculturalism, Diversity, Equality & Anti-Discrimination), a exposição “Vozes Visuais: Retratos de Pertença” «dá voz e espaço a um grupo de jovens de Vila Verde, no sentido de perceber o que têm a dizer no que diz respeito ao seu sentimento de pertença, inclusão e identidade».
Como explica a organização, «as cidades estão em constante mudança e a crescente diversidade torna necessário que acolhamos o mosaico cultural como parte essencial da nossa identidade coletiva. Ainda mais se torna necessária esta abordagem quando persistem situações de desigualdade e discriminação».
Vila Verde associa-se a este projeto, deixando claro «o seu compromisso para com o fomento da inclusão e das relações Interculturais e o combate à discriminação».
Esta exposição inspira-se nos resultados do evento “Juventude Anti-Rumores 2023” e de uma posterior atividade de photovoice realizada com jovens do concelho de Vila Verde, em parceria com o Centro Comunitário de Prado, da Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa.
O objetivo foi encontrar os pontos de pertença dos jovens na comunidade, assim como as falhas nesta relação.
Pretende-se, assim, contribuir para uma reflexão local sobre identidade e como se pode promover uma cidade à qual todas as pessoas sentem que pertencem.
O que é o Photovoice?
O Photovoice é uma metodologia de investigação participativa onde através de fotografias tiradas pelas pessoas envolvidas podemos aceder às suas necessidades, reflexões, narrativas e ideias para melhorar a comunidade.
Para realizar a atividade de Photovoice, foi necessário selecionar um grupo de jovens com quem trabalhar. A equipa de Vila Verde sentiu que fazia sentido envolver os jovens com quem já fazem um trabalho de desenvolvimento das competências interculturais e, inclusivamente, que já haviam participado noutras atividades deste projeto. A partir daí, organizou-se um briefing com jovens onde se introduziu o projeto, o tema e os detalhes sobre esta atividade
Aqui foram lançadas as 3 perguntas-chave que guiaram toda a atividade: O que te faz sentir em casa, na tua cidade? O que te faz sentir não aceite pelo que realmente és ou algo que não te faz sentir em casa, na tua cidade? O que adoras particularmente acerca da tua vida nesta cidade?
A segunda parte do processo passou por dar as rédeas a cada jovem, dando-lhes a liberdade de tirarem as fotografias com os seus próprios equipamentos, no seu próprio tempo.
De seguida, reuniu-se o grupo de jovens para uma análise das fotos. Cada jovem selecionou as 3 fotos favoritas para esta sessão. A discussão centrou-se na razão pela qual as fotografias foram escolhidas, o que as torna significativas e o que pensam sobre as fotografias dos restantes membros do grupo. Nesta sessão, foram recolhidas as expressões e palavras que cada jovem partilhou sobre a sua identidade.
Finalmente, ao grupo de jovens foram tirados retratos com um fotógrafo profissional e estes retratos vão ter como pano de fundo as expressões e palavras sobre a sua identidade. Os retratos vão também fazer parte da campanha internacional do projeto, que é uma parceria com o artista JR, e que culminará no evento final nos dias 16 e 17 abril 2024, na Suécia.
Nesta exposição será possível ver tanto os retratos como as fotografias tiradas pelo grupo de jovens.
Projeto NET-IDEA
O Projeto NET-IDEA (Network of European Towns for Interculturalism, Diversity, Equality & Anti-Discrimination) surgiu das relações criadas no âmbito da Rede Internacional das Cidades Interculturais, um programa do Conselho da Europa, com vista a reforçar o papel das autoridades locais no domínio da promoção da diversidade, da interculturalidade, da antidiscriminação e da inclusão das minorias.
O projeto, coordenado pelo ICEI – Istituto Cooperazione Economica Internazionale, uma ONG italiana especializada em projetos em matéria de interculturalidade e anti-discriminação, reúne a Rede Portuguesa das Cidades Interculturais, a rede análoga espanhola e italiana, uma associação sueca e as cidades de Lublin (Polónia) e Erlangen (Alemanha), envolvendo um total de 16 cidades europeias. Tem duração prevista de 2 anos, terminando em abril de 2024, e é financiado pela Comissão Europeia no âmbito do Programa CERV.
No âmbito deste projeto, foi também realizado, em Lublin (capital europeia da juventude 2023), nos dias 6, 7 e 8 de outubro de 2023, o evento internacional “Juventude Anti-Rumores 2023”, que contou com a participação de 3 jovens portugueses e do qual resultou um Manifesto intitulado «Jovens pela Diversidade e Pensamento Crítico». Este Manifesto parte do pressuposto de que as novas gerações são o futuro e que estas têm a capacidade de transformar o mundo num lugar onde a diversidade e a verdade são valorizadas enquanto aspetos fundamentais das sociedades democráticas.
O Manifesto foi criado por jovens e para jovens. Conscientes dos danos da desinformação e dos rumores, eles criaram uma mensagem de direitos humanos que encoraja todos a agir contra estereótipos, preconceitos e discriminação. Propõe que sejam envidados esforços assentes em quatro pilares: Educar e Empoderar; Construir Pontes Interculturais; Agir para a Mudança; Quebrar a Cadeia de Rumores.
ovilaverdense@gmail.com