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Câmara de Vila Verde acompanha ‘com preocupação’ a situação da APPACDM

A presidente da Câmara de Vila Verde, Júlia Fernandes, disse esta quarta-feira que a autarquia está a acompanhar “com preocupação” a situação vivida na APPACDM de Braga, cujo complexo de Vila Verde já voltou a funcionar, apesar da enorme instabilidade em torno da instituição.

“Estamos preocupados com a situação e, sobretudo, com este grupo de jovens que têm dificuldade em termos de retaguarda familiar, com famílias que precisam deste apoio. Estamos bastante preocupados e a acompanhar cada passo que é dado”, afirmou a autarca.

Conforme “O Vilaverdense” noticiou, a instituição reabriu, esta quarta-feira, os Centros de Atividades para a Capacitação e Inclusão (CACI) que tinha encerrado na última quinta-feira por “tempo indeterminado” devido a dificuldades financeiras. Em causa estão três CACI em Braga e outros três em Vila Verde, Esposende e Famalicão.

Júlia Fernandes mostrou-se esperançada que a instituição “consiga retomar e recuperar a sua atividade”, que é “muito necessária”, quer no concelho, quer na própria região, para responder a pessoas com deficiência mental. No caso de Vila Verde, há cerca de 20 jovens que integram o CACI.

“Obviamente, tenho acompanhado mais de perto o caso do núcleo de Vila Verde, mas sei que há conversações da instituição com a Segurança Social para tentar ultrapassar estes constrangimentos que têm surgido”, frisou a presidente da autarquia vilaverdense.

SALÁRIOS POR PAGAR

Ao que “O Vilaverdense” apurou, apesar da reabertura dos centros de atividades, os funcionários ainda não receberam os salários referentes ao mês de março. Essa situação já havia sido assumida pela atual Direção da APPACDM de Braga na circular interna, emitida na quinta-feira passada, em que dava conta do encerramento temporário dos CACI.

Em causa, segundo o atual presidente, Bruno Silva, estão “penhoras” do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social “devido a incumprimentos sucessivos da Direção anterior”. “Estamos comprometidos na urgência de solucionar tão breve quanto possível toda esta situação, mas não nos conseguimos comprometer com datas”, admitiu o dirigente.

PROCESSOS JUDICIAIS

Mais tarde, em declarações à Lusa, Bruno Silva disse que a Direção anterior poderá ter lesado a instituição em “entre dois a três milhões de euros”, através de gestão danosa e de apropriação ilícita de dinheiros públicos. “É uma enormidade de crimes”, referiu, apontando que o caso já está a ser investigado pelo Ministério Público.

Segundo Bruno Silva, a APPACDM de Braga tem um total de 167 trabalhadores, ascendendo a massa salarial mensal a 220 mil euros. A instituição, que além dos CACI gere três lares residenciais, dá resposta a 262 utentes.

Entretanto, também em declarações à Lusa, o anterior presidente, Bruno Ramos, anunciou que vai apresentar queixa contra o atual líder da instituição por difamação. Ramos lembrou que liderou a APPACDM de Braga entre 11 de novembro de 2022 e 08 de janeiro deste ano, salientando que nesse período Bruno Silva presidia ao Conselho Fiscal.

“Era ele que fiscalizava as contas e os documentos da instituição. Em julho de 2023 foram aprovadas as contas de 2022 e foi emitido o parecer favorável do Conselho Fiscal presidido pelo tal Bruno Silva, com acesso a todos os documentos. A 25 de novembro de 2023, há poucos meses, foi apresentado o plano de acção e o orçamento para o ano 2024, com um saldo positivo de 54 mil euros e, mais uma vez, tivemos aqui um parecer favorável do Conselho Fiscal. Ou seja, a pessoa que agora diz que há um desvio de dois a três milhões de euros emitiu sempre pareceres favoráveis”, salientou Bruno Ramos.

E frisou: “Se, eventualmente, existisse alguma gestão danosa, essa pessoa está comigo na alegada gestão danosa. Outras pessoas poderão falar sobre as contas, mas aquela pessoa que foi Presidente do Conselho Fiscal até ao dia em que tomou posse [na Direção] nos finais de fevereiro, era o presidente do Conselho Fiscal, viu todos os documentos e disse que estava tudo bem”.

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