VILA VERDE (25 de Abril)

VILA VERDE (25 de Abril) -

O essencial dos discursos da sessão solene comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril em Vila Verde

Em dia da Liberdade e de celebração dos 50 anos do 25 de Abril, as forças políticas e independentes com assento na Assembleia Municipal de Vila Verde foram unânimes quanto às conquistas de Abril, mas divergiram quantos aos efeitos práticos a nível nacional e local.

Júlia Fernandes – Presidente da Câmara de Vila Verde

«Continuar Abril é uma missão permanente pela paz e pelo progresso das nossas terras e das nossas gentes»

Para Júlia Fernandes, o dia 25 de abril de 1974 «devolveu ao povo a esperança num mundo melhor». Destacando a importância da data, «em altura de um planeta tão inquieto», aponta ainda a participação da população no «programa arrojado» de comemorações da Revolução no concelho. «Estamos a deixar Abril aos mais novos», acrescenta. «Com certeza e orgulho, estamos a dar passos para que compreendam que os valores de Abril não são garantidos».

Assim, para a autarca, «continuar Abril é uma missão permanente pela paz e pelo progresso das nossas terras e das nossas gentes».

Neste «processo contínuo de concretização», a presidente da Câmara apelou «à mobilização e à participação ativa de todos», dando o exemplo disso do programa comemorativo do Município para os 50 anos da Revolução, que contou (e continuará a contar) com a participação e o envolvimento de autarquias locais, associações e outras instituições, escolas e agrupamentos de escolas, empreendedores e vilaverdenses em geral.

Elencando um conjunto de investimentos municipais em curso, assumiu que «a saúde e a educação são áreas prioritárias e fundamentais para um desenvolvimento que coloca as pessoas sempre em primeiro lugar».

«Estamos também a investir fortemente no reforço dos serviços básicos, como são as redes de saneamento e de abastecimento de água. Estamos a trabalhar para reforçar e melhorar a recolha e a gestão dos resíduos, com uma intervenção que queremos cada vez mais sustentável e valorizadora dos recursos naturais», acrescentou a autarca.

A requalificação da rede viária municipal, que «foi fortemente penalizada por adversidades climatéricas», mereceu uma referência especial nos investimentos da autarquia. O Município está também a trabalhar para «garantir novas alternativas ao nível das acessibilidades, como são o acesso ao Parque Industrial de Oleiros e o futuro Eixo Norte-Sul».  Sobre a pretendida construção da variante à EN 101 em Vila Verde, a presidente da Câmara adiantou que está «a intensificar os esforços e a luta».

 

Carlos Arantes – Presidente da Assembleia Municipal de Vila Verde

« Os jovens subestimam o poder de votar»

O Presidente da Assembleia abriu o seu discurso, principalmente dedicado aos jovens, elogiando a decoração de cravos pelas ruas vilaverdenses. «Fez sentir Abril», comentou. Apontando os últimos 50 anos como avanço em todas as áreas sublinha que, apesar disso, «a liberdade e a democracia não são imunes». Aqui, dirige-se aos jovens, advertindo que «subestimam o poder de votar». Segundo Carlos Arantes, a geração pós 25 de Abril, «nascida e criada em liberdade», «afasta-se da política». «É preciso combater a apatia, o populismo, o medo e o ódio», avisa. No Estado Novo, conta, «diziam que a população não estava preparada para viver em democracia, por não poder decidir por si mesma». Hoje, o dirigente destaca a importância de «incutir a responsabilidade de escolher».

 

Samuel Estrada – Presidente da Junta de Atiães (Independente)

O 25 de abril é «um ponto de partida»

Para o autarca de Atiães, o 25 de Abril «não deve ser tomado como conquista, mas antes como ponto de partida». Segundo o mesmo, «surgem sinais da extrema direita que quer regressar ao passado», isto pela «desesperança» na democracia. Para o autarca, apesar da Revolução ter «acabado com o partido único», «Portugal tem vivido entre dois partidos» com «dinossauros políticos». No discurso, não poupou ainda nas críticas aos diversos dirigentes de instituições do concelho, chamando à colação o ‘caso EPATV’. «A justiça aplicou penas fofinhas a um caso gravíssimo de corrupção e permitiu que, apesar dos crimes, o ilícito se mantenha intacto para gáudio dos infratores e espanto da população», disse.

Na sua ótica, tudo se deve à cristalização do poder: «veja-se o caso do concelho de Vila Verde que em 1997 passou de amarelo para laranja, e, desde então, há 27 anos, o mesmo homem – por si ou por interpostas pessoas – governa a nossa terra com poder reforçado enquanto a oposição assiste, impotente e em surdina».

As queixas foram mais longe: «Em Vila Verde, dos 64 milhões previstos no orçamento, distribui para as freguesias cerca de 1,5 milhões. Investe-se muito menos nas freguesias do que se consome nas festas».

Terminou exortando «a participação dos que andam afastados da Política recordando as palavras desafiantes que marcaram o pontificado de João Paulo II: não tenhais medo».

 

Ricardo Cerqueira – deputado do Bloco de Esquerda

“Esta é a data fundadora de Portugal”

O Bloco de Esquerda destaca uma lista de nomes de mulheres presas sob o Estado Novo, todas naturais de Vila Verde. A elas, o deputado Ricardo Cerqueira reconhece «a coragem de dizer não». Reforça, ainda, a importância de reconhecer a revolução como rejeição «do racismo, da discriminação, do colonialismo». O Bloco de Esquerda sublinhou, assim, a independência dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e os direitos das mulheres.

 

Paulo Gomes – deputado do CDS – PP

Esta data «é um convite para refletir o presente e o futuro»

O representante do CDS-PP destaca «os heróis portugueses» que «saíram à rua para mudar o destino do país». Para o partido, o que importa agora é «estarmos atentos às ameaças que possam minar a liberdade, a democracia, a justiça e a solidariedade.»

 

Pedro Araújo – deputado do PS

«Ainda há muitos vícios e tiques de autoritarismo e PIDE»

O Partido Socialista celebra Abril mas realça que «nem tudo passou». «Ainda há muitos tiques de autoritarismo e PIDE». Pedro Araújo destaca que, por isso, «eleições livres não bastam, o povo deve estar bem informado». Como mote, o discurso passou pelos direitos das mulheres e pelos jovens que «não querem ser burros de carga». «Estamos melhores que há 50 anos, mas a situação atual não nos deve orgulhar», finaliza.

Manuel Barros – deputado do PSD

«A nossa democracia ainda é uma criança»

Para Manuel Barros, representante do PSD, devemos «visitar o passado, pensar o presente e perspetivar o futuro». Destacou a emancipação do poder local que tem «respondido de forma tranquila mas determinada» aos desafios. Aliado a isso, o deputado partilhou uma memória do 25 de abril e destacou o 25 de novembro. No seu discurso, os jovens também foram mote, afirmando que estes devem «defender a democracia e reiventá-la». «50 anos induzem em longevidade, mas, em política, sabemos que a nossa democracia ainda é uma criança».

ovilaverdense@gmail.com

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