Os Festivais Gil Vicente iniciam-se esta quinta-feira, em Guimarães, com a peça “Blackface”, de Marco Mendonça, numa edição que quer mostrar o trabalho teatral de uma “nova geração criativa”.
“Em palco, encontraremos uma riqueza estética, poética e política proposta por uma nova geração criativa, que assume sem rodeios esse lugar de questionar a existência humana”, explica o diretor artístico dos festivais, Rui Torrinha, citado em comunicado.
“Blackface” é um espetáculo-performance sobre a prática com o mesmo nome, que começou a ser usada por brancos, no século XIX, para representar pessoas negras escravizadas, pintando a cara, disse à agência Lusa, aquando da estreia em Lisboa, em novembro, o ator e encenador Marco Mendonça, que concebeu a atuação. Em Guimarães, vai ser apresentado no Centro Cultural Vila Flor (CCVF), às 21h30.
No dia seguinte, o CCVF recebe a estreia de “Popular”, trabalho com o qual Sara Inês Gigante venceu a sexta edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, que pega “numa fronteira, ou numa ideia que existe sobre tipos de público e tipos de público alvo”, fazendo uma “fusão” entre o que “seria um espetáculo popular e um dito erudito”, através de “uma brincadeira” em que parte do pressuposto do que devia fazer “para se tornar numa artista popular”, como disse a criadora à Lusa no mês passado.
No sábado, é apresentada a peça “Vi o Ayrton Senna morrer nos olhos do meu irmão”, de Bruno dos Reis, com música ao vivo do Quarteto da Orquestra Filarmonia das Beiras, prosseguindo os Festivais Gil Vicente no dia 13 de junho com “Ensaio técnico”, de Mickaël de Oliveira.
No dia 14, Keli Freitas estreia a peça “Volta para a tua terra”, vencedora da segunda edição do Projeto Casa, na qual a atriz e autora brasileira coloca um conjunto de questões sobre o que significa fazer parte de um país: “O que é ser cidadã, cidadão? Pertencer a uma terra e apenas nela ter o direito a exercer a sua cidadania? Onde fica a ‘minha’ terra? E a ‘tua’ terra, onde é? Quem ou o quê tem o poder de definir onde é a terra de alguém? É possível localizar o começo de alguma história?”.
Um dia depois, vai ser possível ver “I’m Still Excited”, de Mário Coelho, peça com a qual os festivais deste ano encerram.
Com organização conjunta de A Oficina, do Município de Guimarães e do CAR – Círculo de Arte e Recreio, o evento vai contar ainda com oficinas de escrita com Marco Mendonça, Bruno dos Reis e Keli Freitas, para além de conversas com os participantes e visitas a escolas.