Nasceu e reside no lugar da Vila, na Vila de Prado. Com a casa ali a dois passos da Igreja matriz, Maria do Sameiro Rodrigues Lima Pinto decora dois altares (Nossa Senhora das Dores e Senhor da Pedra Fria) há mais de 50 anos.
Mulher de diálogo, lá ia dando respostas sem necessidade de perguntas, quando, por coincidência, nos cruzámos com ela no interior da “Igreja da Vila”.
«Nesta altura (das Colheitas) não falta quem ofereça produtos para eu decorar», ia desabafando para, logo de seguida, acrescentar: «Ontem (quinta-feira), fui vindimar para Ponte de Lima e trouxe de lá estes ninhos. Já me ofereceram ovos de garniza para eu colocar lá dentro».
Contando com a ajuda do marido, quem faz algumas das obras ali expostas, esta pradense de gema usa a imaginação para levar a efeito este seu trabalho com mais de meio século de existência.
«Antigamente, só as virgens podiam aparelhar»
Recuando no tempo, Maria do Sameiro falou de quando começou a decorar a Igreja.
«Quem fazia isto era a minha irmã, mas, quando casou, foi obrigada a deixar de o fazer, porque, nessa altura, sabe…, só as raparigas solteiras, as virgens, é que podiam fazer isto», recordou por entre uma forte gargalhada.
Foi, então, a partir dessa data que esta decoradora meteu mãos à obra, fazendo-o por caridade há mais de 50 anos.
«As mentalidades vão mudando e hoje até os padres são diferentes. Se fosse como antigamente, onde só as virgens podiam fazer este serviço, as Igrejas ficavam todas por aparelhar», concluiu.
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Por Emílio Costa (CO 1179)