O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, criticou esta quinta-feira a falta de apoio das “instâncias nacionais” para a recuperação de património classificado existente no país, apontando como exemplo o caso do Estádio 1.º de Maio, naquela cidade.
Falando na apresentação do Fórum do Património, que vai decorrer em Braga a 26 de outubro, Ricardo Rio disse que o município quer fazer obras de reabilitação naquele estádio, que está classificado como Monumento de Interesse Público, mas tem esbarrado na falta de apoio por parte das instâncias nacionais que tutelam o património.
“Não se vislumbra nenhum mecanismo de apoio das instâncias nacionais para a reabilitação do estádio”, apontou.
Na sua intervenção, o autarca de Braga disse ainda que há proprietários que pedem “por favor” para que os seus estabelecimentos não sejam classificados como “Lojas com História”, com medo das eventuais restrições daí decorrentes.
Segundo o regulamento, são passíveis de classificação como Lojas com História os estabelecimentos comerciais com especial valor histórico, cuja preservação deva ser acautelada.
Ricardo Rio afirmou as relações “sempre tensas” entre as deliberações camarárias e as aspirações dos privados, quando em causa está a salvaguarda do património.
Sublinhou que há todo um trabalho a fazer para que intervenções e iniciativas que à partida parecem um ónus sejam vistas e se transformem um ativo e uma mais-valia.
Rio defendeu ainda a ideia de que reabilitar “pode ser mais rentável” do que destruir e construir de raiz.
Estas são algumas das questões que estarão em cima da mesa no Fórum do Património, que este ano se realiza em Braga, com o lema “Património, Democracia e Cidadania”.
A presidente da Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património (APRUPP), Alice Tavares, disse que o objetivo é assegurar que a sociedade civil “tenha voz” na defesa do património.
“O património que nos interessa não é apenas o edificado, mas todo o que tem valor”, referiu.
O Fórum vai incluir quatro painéis, com os temas “A Estratégia Nacional de Salvaguarda do Património”, “Património, Qualificação e Ética”, “Intervenção no Património e Interesses Económicos” e “Gestão do Património Cultural”.