O primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou que o Canadá vai retaliar às taxas aduaneiras de 25% impostas pelos Estados Unidos e aplicar a mesma tarifas aos produtos norte-americanos.
Trudeau disse que taxas sobre 30 mil milhões de dólares (28,9 mil milhões de euros) de frutas e bebidas alcoólicas norte-americanas entrarão em vigor na terça-feira, no mesmo dia em que as tarifas dos EUA entram em vigor.
O Canadá irá gradualmente “impor taxas alfandegárias de 25% sobre os produtos americanos, totalizando 155 mil milhões de dólares canadianos” [102 mil milhões de euros], anunciou.
Num discurso aos canadianos, o chefe do governo do Canadá dirigiu-se também à população dos Estados Unidos.
“Isto terá consequências reais para vocês, o povo norte-americano”, disse Trudeau, acrescentando que isso resultaria em preços mais elevados, nomeadamente no caso de bens essenciais.
O primeiro-ministro disse que muitos canadianos se estavam a sentir traídos pelo país vizinho e aliado de longa data, lembrando aos norte-americanos que as tropas canadianas lutaram ao seu lado no Afeganistão.
“As ações tomadas hoje [sábado] pela Casa Branca separaram-nos em vez de nos unirem”, disse Trudeau, alertando em francês que isso poderia trazer “tempos sombrios” para muitas pessoas.
Também a presidente do México, Claudia Sheinbaum, ordenou a imposição de taxas aduaneiras aos produtos vindos dos Estados Unidos, em retaliação pelas tarifas de 25% anunciadas por Trump.
Sheinbaum disse no sábado que instruiu o secretário da Economia, Marcelo Ebrard Casaubon, para implementar uma resposta que inclua tarifas de retaliação e outras medidas em defesa dos interesses do México.
“Rejeitamos categoricamente a calúnia da Casa Branca de que o governo mexicano tem alianças com organizações criminosas, bem como qualquer intenção de interferir no nosso território”, escreveu a chefe de Estado, numa publicação na rede social X.
GUERRA COMERCIAL SEM VENCEDORES
A China também prometeu retaliar contra as novas tarifas sobre os produtos chineses e reafirmou que as guerras comerciais “não têm vencedores”.
“A China está fortemente insatisfeita e firmemente contra” as tarifas, disse o Ministério do Comércio chinês, em comunicado, anunciando “medidas correspondentes para proteger resolutamente os direitos e interesses” chineses.
“Não há vencedores numa guerra comercial ou tarifária”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, noutro comunicado.
O comércio entre os Estados Unidos e a China representou cerca de 500 mil milhões de euros nos primeiros 11 meses de 2024, mas o balanço é amplamente desfavorável aos Estados Unidos, com um défice de cerca de 260 mil milhões de euros, segundo dados de Washington.
Os anúncios surgiram pouco depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter assinado uma ordem executiva para a aplicação de taxas aduaneiras aos produtos provenientes do Canadá, do México e da China, a partir de 4 de fevereiro.
A decisão foi vista pelo Canadá como uma declaração de “guerra comercial”. Os analistas salientaram que, se as tarifas se mantiverem em vigor, o Canadá poderá entrar em recessão dentro de seis meses.
O decreto presidencial de Trump determina a imposição de tarifas de 10% à China, de 25% ao México e de 25% ao Canadá, exceto no petróleo canadiano, que terá tarifa de 10%.
De acordo com a Casa Branca, a ordem também inclui um mecanismo para aumentar as taxas aduaneiras em caso de retaliação destes países – os três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e que no total representam mais de 40% das importações do país.
ovilaverdense@gmail.com
Foto: ‘The Independent’