Montenegro admite agora apresentar moção de confiança.
Dirigindo-se aos portugueses, o chefe do Executivo declarou: “Eu confio no vosso critério”. E admitiu que tudo isto foi declarado por si, “ninguém descobriu nada”.
“Está tudo nas minhas declarações de interesse. Não pratiquei nenhum crime, nem tive nenhuma falha ética”, sublinhou.
Falando em particular sobre a empresa familiar, na qual os filhos e a mulher são “sócios desde o primeiro dia”, Montenegro questionou se “seria justo e até adequado fechar tudo, abandonar tudo, só porque circunstancialmente” foi eleito presidente do PSD e primeiro-ministro.
“Pergunto se tenho direito de os privar a trabalhar por causa da minha atividade política”, deixou a questão, frisando que “se o nosso sistema político não aceita nem controla a conciliação familiar e a vida politica, nós vamos ter políticos sem passado e ter políticos sem futuro profissional”.
“Nunca cedi a nenhum interesse particular, face ao interesse público e ao interesse geral. E assim vai continuar a ser: sempre que houver qualquer conflito de interesses por razões pessoais ou profissionais, não participarei nos respetivos processos decisórios”, assegurou.
PAÍS «REPROVOU MOÇÃO DE CENSURA»
O primeiro-ministro começou por lembrar que o assunto já tinha sido debatido na semana passada na Assembleia da República que “reprovou uma moção de censura”.
“Nessa ocasião, prestei todos os esclarecimentos que eram devidos, dentro dos limites que devia respeitar sobre a informação de terceiros”, afirmou, acrescentando que partilhou inclusive os rendimentos dos últimos 15 anos.
O primeiro-ministro apresentou a empresa familiar que criou e dinamizou com os filhos: “Dei o enquadramento da sua conceção, do seu objeto e da sua atividade”.
“Expliquei a evolução da sua faturação, o perfil dos seus clientes ocasionais e permanentes e, sobretudo, destaquei aquele que é o trabalho que presta a estes últimos na base da qualificação, experiência e especialização da sua estrutura e colaboradores”.
Mas, segundo Montenegro, “os esclarecimentos não foram suficientes”. “Nunca serão suficientes”.
“Divulgaram-se, entretanto, os nomes dos clientes e dos colaboradores regulares, valores de prestação de serviços e em cima disso, claro, lançaram-se e alimentaram-se especulações para que o assunto nunca se encerrasse e se criassem novas insinuações e novos pedidos de esclarecimento, sempre sob um culto de gravidade e suspeição sobre o primeiro-ministro”.
“É um ciclo vicioso que muitos desejam e muitos não querem sair”, criticou.
(Em atualização)