Texto de Ricardo R. Rodrigues, membro do Núcleo Territorial da Vila Verde da Iniciativa Liberal.
Abril é um mês carregado de simbolismo. É o mês da Páscoa, uma época que representa renovação e recomeço, e é também o mês do 25 de Abril, a data que libertou Portugal da ditadura e trouxe a promessa de um país mais justo, livre e democrático. No entanto, décadas depois, muitos dos problemas estruturais continuam por resolver, tanto a nível nacional como local.
Olhando para a realidade do país e de Vila Verde, fica claro que precisamos de uma renovação verdadeira – não apenas no discurso, mas nas ações. Como podemos falar de progresso quando os desafios se repetem ano após ano, sem que haja uma mudança real?
A Renovação Sempre Prometida, Nunca Cumprida
A Páscoa ensina-nos que a transformação vem através da superação, mas Portugal parece estar preso a um círculo vicioso de promessas políticas não cumpridas e de falta de visão estratégica.
A nível nacional, continuamos a enfrentar os mesmos problemas crónicos:
- Carga fiscal excessiva, que trava o crescimento económico e empurra empresas e talentos para o estrangeiro.
- Serviços públicos ineficientes, com a saúde e a educação em dificuldades, enquanto se gasta dinheiro em estruturas burocráticas ineficazes.
- Habitação inacessível, com políticas que encarecem ainda mais o mercado e afastam os jovens da possibilidade de construir uma vida estável.
E o pior de tudo: cada novo governo chega com promessas de mudança, mas rapidamente se instala na mesma inércia de sempre.
Vila Verde: Sempre Atrasada, Sempre a Copiar
Se a nível nacional a renovação tarda em chegar, em Vila Verde o cenário não é diferente. Continuamos a ver um município que não se antecipa, apenas reage – e muitas vezes tarde demais.
Exemplos não faltam:
- A falta de transparência nas decisões municipais, desde contratos públicos à disponibilização de informações sobre as assembleias municipais, como já denunciámos anteriormente.
- O urbanismo caótico, onde a falta de planeamento leva a uma expansão desorganizada, sem criar condições reais para atrair investimento e melhorar a qualidade de vida.
- A ausência de inovação na política local, onde as grandes decisões são tomadas sem um verdadeiro envolvimento da população e sem visão estratégica para o futuro.
Até medidas simples, como a transmissão online das assembleias municipais, que já é prática comum em vários municípios vizinhos há anos, só agora começam a ser analisadas. Porquê tanto atraso?
E quando falamos de falta de planeamento e transparência, não podemos ignorar o caso recente da Adega Cultural de Vila Verde. Este espaço tem sido utilizado para eventos públicos, mas com sérias dúvidas sobre a sua conformidade com as normas de segurança.
A falta de planeamento e de fiscalização não são apenas questões burocráticas – são questões que colocam em risco a segurança das pessoas. E este é apenas mais um exemplo de como Vila Verde continua a funcionar à base da improvisação, sem um compromisso real com a transparência e o rigor na gestão pública.
Abril: Um Mês para Refletir e Exigir Mudança
A história ensina-nos que a renovação não acontece sozinha – é preciso ação. Se a Páscoa nos fala de recomeço e o 25 de Abril nos recorda a importância da liberdade e da participação cívica, então este mês deve servir como um ponto de viragem.
Mas a verdadeira mudança não pode vir apenas das promessas políticas. Precisa de vir de uma sociedade mais exigente, mais participativa e mais crítica. Portugal e Vila Verde não podem continuar a ser reféns de políticas ultrapassadas e de governantes que apenas gerem o presente sem pensar no futuro.
Renovar significa repensar. Significa exigir melhor. Se queremos um país e um município mais transparentes, eficientes e inovadores, temos de começar por ser cidadãos mais atentos e mais ativos. Porque a esperança sem ação é apenas ilusão.
Que este Abril seja um mês de reflexão – mas, mais do que isso, que seja um mês de exigência por uma verdadeira renovação.