Em Oriz S. Miguel, no nordeste de Vila Verde, onde o jornal “O Vilaverdense” esteve esta manhã, a tradição é sagrada. Por ali há costumes e memórias que continuam a fazer parte do ritual da população local.
A Páscoa, uma festa de grande significado, celebra-se sempre no domingo de Pascoela, sendo uma tradição secular daquele povo, na qual ninguém mexe, ninguém muda, ninguém quer que seja de outra forma.
No final da missa, o toque das campainhas e dos foguetes são uma espécie de aviso de que o compasso pascal está pronto para a saída, indo de casa em casa, fazendo-se a bênção e dando-se o crucifixo a beijar.
Mas, a cruz não sai dali sem antes se assistir a um momento de boas-vindas.
A Banda Musical de Aboim da Nóbrega, contratada com a devida antecedência, tem, no adro da Igreja, os seus músicos fardados, alinhados e prontos para, quando o maestro der ordem, ao som da música, saudarem o mordomo e quem o vai ajudar neste dia a percorrer toda a freguesia.
Este ano, Bernardino Fernandes é o homem responsável pela visita Pascal. Conta com ajuda de familiares para o ajudar a levar Jesus pelos caminhos e pelas casas da aldeia.
Em Oriz S. Miguel, os hábitos antigos passaram de geração em geração, continuando a fazer parte do presente.
A grande maioria da sua população abre as portas dos seus lares para neles deixar entrar Jesus Cristo e todos quantos o acompanham.
Este é um dia para juntar familiares e amigos em confraternização.
Sobre as mesas, há comida e bebida para quem quiser entrar.
Em sítios como este, onde todos se conhecem, a Páscoa, com grande significado católico, festeja-se com alegria, ficando marcada também por encontros e reencontros.
A contratação da Banda Musical de Aboim da Nóbrega, para acompanhar o compasso pascal durante todo o dia, ajuda a mostrar o significado da data para a população local. Um dia de festa é executado com a ajuda da música.
Uma festa com este calibre não fica barata. Os populares sabem bem disso e, num gesto de generosidade, estão sempre prontos e unidos para ajudar nas despesas, fazendo de Oriz S. Miguel uma terra unida e de gente com um grande coração.
Mário Fernandes, primo do mordomo e a ajudar no compasso Pascal, falou numa Páscoa “das melhores de Vila Verde e de Portugal”. Sobre as despesas, aquele habitante mostrou o seu apreço pela “ajuda de toda a freguesia”, que “dá para pagar a banda de música”, ficando o restante “por conta do mordomo”.
Este domingo, em Oriz S. Miguel, mantem-se costumes antigos, caminha-se por toda a aldeia de cruz nas mãos, sendo notória a alegria por Jesus ter ressuscitado e pelo facto daquela paróquia, “pregada aos seus princípios,” continuar a festejar a Páscoa como outrora.
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