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GNR assume ‘tolerância’ na limpeza de terrenos contra incêndio mas já há mais sinalizações do que em 2024

Até finais de abril, a GNR sinalizou 10.417 terrenos por falta de gestão de combustível, para prevenir fogos rurais. No entanto, a partir de junho, mesmo que as autoridades assumam «tolerância», os proprietários poderão sofrer coimas.

Na Campanha Floresta Segura 2025, para prevenção de incêndios florestais, a Guarda Nacional Republicana sinalizou, entre 16 de fevereiro e 30 de abril, «10.417 terrenos que poderão vir a estar em infração por falta de gestão de combustível», apontou a mesma.

A gestão de combustíveis pretende reduzir material vegetal e lenhoso para dificultar a propagação e intensidade do fogo à volta das habitações e aglomerados populacionais em espaço rural. A maioria das sinalizações foca-se nos distritos de Leiria (2.606), Bragança (1.162), Santarém (941), Coimbra (818) e Viseu (798).

Nos distritos com menos sinalizados, destaca-se Braga (652), Évora (51), Portalegre (57), Guarda (209), Beja e Porto (232), Lisboa (259), Faro (260), Vila Real (280), Setúbal (360), Viana do Castelo (379), Aveiro (464) e Castelo Branco (657).

A GNR destacou «que se encontra ainda a decorrer o prazo para a realização dos trabalhos de gestão de combustível, o qual foi alargado até 31 de maio». Depois dessa data, deverá começar a fiscalização.

Para já, mesmo que ainda provisórios, há 10.417 terrenos sinalizados este ano, sendo mais do que os 10.256 registados até 31 de maio de 2024, mas abaixo dos 14.319 em 2023, 10.989 em 2022, 14.545 em 2021, 24.227 em 2020 e 31.582 em 2019.

Ricardo Vaz Alves, diretor do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (Sepna) da GNR diz que «o número de sinalizações está em linha com aquilo que sucedeu no ano passado» e, quanto às 14.000 sinalizações de anos anteriores, defende que «há uma evolução em termos de consciencialização da sociedade para a gestão de combustível».

«Há aqui todo um trabalho feito de sensibilização e isso tem os seus frutos em termos de gestão de combustível efetuado», disse o oficial, à Lusa.

«Notamos claramente que houve um esforço maior por parte do cidadão para regularizar todas as situações potencialmente em infração e, ainda por cima, tendo em conta quer não só a pluviosidade que ocorreu, quer também a ausência de empresas no mercado disponíveis para fazer este tipo de serviços», vincou.

O diretor do Sepna afirma que o objetivo da GNR «é sempre sensibilizar e procurar corrigir as situações potencialmente em infração» e, só em último caso, será «levantado o auto de contraordenação por ausência de gestão de combustível», depois de «sinalizar, falar com os proprietários, falar com os vizinhos inclusivamente», para a «mensagem passe e que possa ser feita a correção das situações».

«Tentamos fazer uma análise casuística de cada caso sinalizado e, a partir daí, atendendo não só à falta de empresas no mercado, também dar aqui alguma tolerância dentro daquilo que é o possível, sendo certo também que estamos a aproximar-nos de épocas com maior calor», destaca Vaz Alves.

No ano passado, apesar das 10.256 sinalizações, registaram-se «elaborados 2.233 autos de contraordenação por falta de gestão de combustível e 3.028 autos de contraordenação por outras infrações», numa tendência de diminuição de coimas por falta de gestão de combustível, como nos 2.577 em 2023, 2.271 em 2022 e 3.176 em 2021.

«O objetivo destas ações preventivas é sempre a correção de casos potencialmente em infração, visando a regularização das situações sinalizadas, pelo que existirá sempre um acompanhamento casuístico de cada situação considerando as dificuldades demonstradas pelos proprietários», vinca Carlos Canatário, porta-voz da GNR.

Até 18 de maio, a GNR registou 36 autos de contraordenação por queimadas ilegais e 100 autos poR queimas de amontoados e de fogueiras.

Na prevenção e investigação de incêndios florestais, até 18 de maio, a GNR disse que «foram detidas 19 pessoas, tendo ainda sido identificadas 186 pessoas pela prática do crime de incêndio florestal».

«Continuamos a ter o nosso trabalho junto das populações, em primeiro para dissuadir o uso do fogo e também para a utilização de métodos alternativos. Estamos aqui a falar, por exemplo, de biotrituração, incorporação nos solos dos sobrantes ou recolha através de empresas especializadas», explica Ricardo Vaz Alves.

O diretor do Sepna apela «aos proprietários, arrendatários ou usufrutuários de terrenos que tenham áreas limítrofes com espaços rurais» que façam a gestão de combustível e evitem a queima de sobrantes, seguindo «métodos alternativos», mais eficazes na «prevenção».

ovilaverdense@gmail.com

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