Os portugueses bateram um novo recorde na compra de viagens de verão, tornando 2025 no melhor ano de sempre para o setor. Aumentou, sobretudo, a procura por destinos internacionais, com destaque para as Caraíbas, esgotando a oferta disponível nas agências.
De acordo com a Associação Nacional de Agências de Viagens (ANAV), a venda de pacotes de viagens aumentou 15% face ao ano passado. «Há produtos que já estão esgotados, não há espaço nem lugares», diz Miguel Quintas, presidente da ANAV, ao Diário de Notícias, sublinhando que «mais houvesse, em termos de soluções de destinos turísticos ou de quantidade de oferta para os clientes, e mais seria vendido».
Embora se note um aumento generalizado dos preços, em particular no alojamento, viajar tornou-se «uma necessidade quase básica para as famílias portuguesas».
Entre os destinos mais procurados, as Caraíbas destacam-se, com países como México, Cuba, República Dominicana e Jamaica no topo da lista. Para estas, há pacotes mais acessíveis, que podem ser encontrados a partir de 750 ou 800 euros nas épocas mais baixas.
Assim, muitos portugueses optam por destinos exóticos em detrimento do Algarve. Miguel Quintas exemplifica que «os preços no Algarve podem rondar os 1000 a 1500 euros por semana na época alta». «Já na República Dominicana, por exemplo, há pacotes entre os 1100 e os 1700 euros num hotel de cinco estrelas», acrescenta.
Além das Caraíbas, o Norte de África e Espanha também apresentam ofertas que concorrem com o mercado nacional. «Portugal não é mais caro, mas é menos competitivo face a outros destinos», explica o presidente da ANAV.
Preocupações com a TAP
Após o sucesso da campanha de verão, as agências preparam-se para o pico de vendas do Réveillon, com a Madeira a ser o destino mais procurado por turistas. As perspetivas são «muito otimistas».
No entanto, a ANAV manifestou preocupação com a decisão da TAP de implementar um novo modelo de pagamento em prestações sem prévia comunicação ao setor. Através de um acordo com a Klarna, os clientes da companhia aérea podem, agora, dividir o pagamento em três vezes sem juros. O presidente critica a falta de transparência e defende uma concorrência justa. «Não podemos ter uma agência de viagens com uma pistola e a TAP com uma metralhadora», aponta.
Com novo Governo prestes a tomar posse, a ANAV entregou um documento com 10 propostas estratégicas para a legislatura. No topo da lista está a construção do novo aeroporto da região de Lisboa. Apesar dos avanços por parte da ANA, Miguel Quintas teme que seja «uma questão política», mostrando-se contra o modelo de financiamento proposto pela Vinci. Outras prioridades incluem a escassez de mão de obra qualificada, o reforço da promoção externa de Portugal e a modernização digital das agências, além de medidas para promover o turismo sustentável em regiões de baixa densidade e a valorização da profissão de agente de viagens.
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